20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Anvisa autoriza vacinar crianças de 5 a 11 anos com Pfizer e Bolsonaro fica furioso

Imunizante foi desenvolvido pela Pfizer/Wyeth especialmente para crianças, ao contrário de outros laboratórios

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou hoje a liberação da vacina contra a covid-19 da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. Serão duas doses com três semanas de intervalo entre elas. Atualmente, a vacina estava apenas autorizada para maiores de 12 anos.

“Essa decisão da Anvisa resultará em um impacto no processo de vacinação”. Meiruze Sousa Freitas, diretora da Anvisa.

O imunizante foi desenvolvido pela Pfizer/Wyeth especialmente para crianças, ao contrário de outros laboratórios que estão adaptando as vacinas de adultos.

Apesar da aprovação pela Anvisa, o governo federal pode demorar para distribuir as vacinas infantis da Pfizer. Integrantes do Ministério da Saúde disseram à Folha que só iriam solicitar as doses específicas das crianças depois do anúncio de hoje.

“Comparando crianças de 5 a 11 anos com pessoas de 16 a 25 anos, com a dosagem diferente, existe a presença de anticorpos neutralizantes com a mesma intensidade”. Gustavo Mendes, gerente geral de Medicamentos da Anvisa.

Bolsonaro furioso

Bolsonaro ficou transtornado ao receber a confirmação de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária anunciaria a aprovação do uso da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. O presidente já estava aborrecido com o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. O aborrecimento evoluiu para a fúria.

Em público, Bolsonaro já havia se referido à Anvisa de forma desairosa ao chamar de “coleira” o passaporte vacinal que a agência recomendou que fosse exigido dos viajantes que chegam ao Brasil. Entre quatro paredes, o presidente declarou que, se pudesse atrasar o relógio, não teria indicado Barra Torres para comandar a Anvisa.

A perspectiva de aprovação da versão infantil da vacina da Pfizer levou-o a se referir a Barra Torres com expressões de calão rasteiro. Os palavrões pronunciados em privado soaram como um prenúncio das barbaridades que Bolsonaro dirá sob refletores sobre a vacinação de crianças.