20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Após relatório do Exército, para seguir protestando por Jair só sendo desiludido ou criminoso

Já chega, né? Bolsonaro sumiu, filhos buscam passaporte para Itália, aliados já estão com o presidente eleito Lula e é preciso aceitar a derrota

Foram anos de fidelidade messiânica, bradando “eu autorizo” e passando pano para tudo o que o presidente Jair Bolsonaro falava e fazia. Não é a toa que milhares de seguidores continuariam defendendo com unhas e dentes, de forma cega, o seu mito diante da derrota para Lula nas eleições.

Ontem (9), com o relatório do Ministério das Defesas sobre a segurança das urnas (aprovada sem contestação, apenas com “sugestões de melhoria”), esperamos finalmente que todo o eleitor de Bolsonaro, todo gado cego, todo evangélico conduzido por seu pastor, todo funcionário levado por seu patrão, todo idoso que ficou longe dos netos e todo pai de família que ficou longe da esposa volte pra casa.

Acabou. Voltem pra casa. Deixem de tomar sol e chuva. A eleição acabou, se quiserem mudanças, 2026 é logo ali. Aceitem que foram minoria nas urnas e perderam. Faz parte da democracia, parem de mimimi.

Neste meio tempo, temos uma boa e uma má notícia. Comecemos com a má: Jair Bolsonaro e seus aliados mentiram durante anos. Mentiram sobre ações contra a pandemia, sobre não serem corruptos, sobre a segurança das urnas.

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Agora a boa notícia: eles mentiram durante anos, portanto não há o que temer sobre fechamento de igrejas, vermelho na bandeira do Brasil ou instituição do comunismo. Depois de tudo o que aconteceu, seguir acreditando neles é se perder ainda mais no delírio coletivo e, com o perdão da palavra, assinar atestado de idiota.

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Já são mais de 10 dias de atitudes patéticas e pura vergonha alheia, com participantes de um delírio coletivo comemorando como gol em final da Copa do Mundo fake news idiotas, como a prisão de Alexandre de Moraes ou a marcação de novas eleições. Até mesmo Lady Gaga e uma das cantoras do Abba se tornaram ministras em Haia para “denunciar fraude”.

Mais triste do que o registro dessas pessoas, como o “patriota do caminhão”, que no futuro vão se ver nas imagens e se sentirem envergonhadas por terem sido usadas ou feito papel de idiota, é que Bolsonaro literalmente foi diversas vezes denunciado em Haia. Eles usam fatos que o atingem para acusar os outros. É patético.

Inventaram até mesmo de deixar Lula gravemente doente, sendo que esteve estava em segunda lua de mel com a esposa Janja, depois de ter derrotado Jair nas urnas. O atual presidente, aliás, sumiu. Deve estar com medo, pois após mais de 35 anos não terá imunidade parlamentar. A esposa deixou de segui-lo no Instagram. Seus filhos Flávio e Eduardo, senador e deputado federal, já pediram cidadania italiana.

Acabou.

Vão pra casa. Não passem mais vergonha. A eleição acabou.

Nem bem o TSE confirmou que Jair fora derrotado que seus fãs foram às ruas. Caminhoneiros fecharam as estradas. Os “cidadãos de bem” preocupados com o comunismo e que acusavam fraude nas urnas ocuparam pontos estratégicos, como aeroportos e pontos de grande movimento nas ruas de todo o Brasil.

Finalmente, aos “heróis” da nação, trajados de verde e amarelo, restou o acampamento na frente dos quartéis militares espalhados pelo estado brasileiro. Isso porque a PRF demorou e só agiu quando ameaçada penalmente e financeiramente caso as estradas não fossem liberadas. Mas foi uma longa jornada até lá:

  • Primeiro, diziam esperar “72 horas” para que as Forças Armadas fizessem um “Intervenção Militar Constitucional” ou alguma besteira do tipo, a partir de uma leitura completamente equivocada do Ártigo 142 da Constituição Federal;
  • Depois aguardavam uma palavra ou sinal de fumaça de Bolsonaro, que sumiu. Deprimido com o mundo inteiro parabenizando a vitória de Lula e vendo aliados como Arthur Lira parabenizando o petista, ele demorou para se pronunciar. E o fez: em patéticos dois minutos;
  • Os fãs então viram “linguagem subliminares” nas palavras do presidente e continuaram nas ruas. Ele então voltou, abatido, fazendo cosplay de Zelensky, presidente da Ucrânia que literalmente enfrenta uma guerra, e com todas as palavras pediu para que saíssem das ruas;
  • Mensagens deste ponto em diante pediam para se distanciar de Jair, que claramente não queria nada a ver com esse bando de aloprados nas ruas, que incomodavam as pessoas normais;
  • Finalmente o prazo final seria a bomba atômica com esse relatório do Exército, que se revelou sendo uma bombinha de São João, um track de criança, e confirmou que ele perdeu e que quem está lamentando é uma minoria inconveniente.

Desde sempre, quem estava nas ruas agia de forma criminosa. Numa democracia, a voz das urnas é a mais respeitada e assim como aconteceu em 2018 quando Bolsonaro venceu, deve-se fazer o mesmo. Então pedir intervenção militar? Crime. Financiar os acampados nas ruas? Boa sorte a todos os empresários e políticos nesta empreitada: crime. Era crime antes e especialmente não deixa de ser agora.

Acabou.

Vão pra casa.

O delírio coletivo e o pensamento de colmeia ou manada que Bolsonaro orquestrou em parte da população foi um fenômeno impressionante, que será estudado durante vários anos. Então, vá lá, o mimimi destes 10 dias, em alguns casos, foi compreensível.

Eram pessoas enganadas, incapazes de aceitar o luto. Agora? O Exército já disse que estão errados. Parem ou arquem com as consequências. Chega, vão pra casa.