A fatura veio mais cedo do que Michel Temer esperava. A bancada BBB – referência à Biblia, Bala e Boi – formada por parlamentares evangélicos, defensores de propostas ligadas à segurança pública e ruralistas, iniciou a pressão sobre o ainda vice-presidente da República sobre as demandas de interesses da bancada.
A chamada bancada BBB foi o maior ponto de apoio de Eduardo Cunha para capitanear a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no último dia 17. Agora os parlamentares cobram a interlocução maior com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e o apoio dele à suas agendas no Congresso Nacional.
A proporção de votos que seus integrantes deram contra a petista foi muito maior do que o apresentado no resultado final. O placar do plenário da Câmara foi de 367 votos a favor e 137 contra, uma proporção de 2,6 a favor para cada voto contrário. Na bancada evangélica, o placar foi 163 x 24 (uma proporção de 6,7 a 1), enquanto na da segurança foi 245 x 47 (5,2 favoráveis para cada contrário).
O desempenho faz com que essas bancadas queiram conquistar na era Temer toda a interlocução com o governo e apoio oficial no andamento de sua agenda no Congresso. “Já fomos até ele e sugerimos que ele crie uma interlocução oficial com a bancada BBB. Ele tem que entender que não é só interlocução com os líderes partidários que adianta”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), tesoureiro da Frente Parlamentar Evangélica.