7 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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Barcos no mar de Maragogi têm apadrinhamento político

Tragédia é resultado da incúria administrativa nas várias esferas

60 pessoas estavam na embarcação

O caso do trágico acidente no mar de Maragogi, que deixou dois mortos e vários feridos, é mais um, entre tantos,  resultado da incúria da gestão pública em várias partes do País.

Em Maragogi, disse ao blog uma autoridade local que não quis ter seu nome revelado, cada embarcação tem um padrinho político. E em nome da “apadrinhagem” há sempre alguém fazendo vistas grossas para o erro, o malfeito e a ilegalidade.

A confissão de culpa do poder público municipal veio inclusive em uma oficial da Secretaria do Meio Ambiente que reconheceu o fato da embarcação naufragada ter realizado viagens clandestinas.

E assim empurrou o jogo para o Ministério Público quando disse que a instituição também tinha sido desrespeitada no caso. O MPE, por meio de sua assessoria, disse a promotora de justiça, Francisca Paula de Jesus Lobo, também havia notificado a senhora Simone Valéria Furtado Leite, proprietária da embarcação, em maio deste ano, por estar navegando no mar sem autorização legal.

Dois meses se passaram sem que nada acontecesse até vir o acidente com vitimas fatais. Ou seja, o Catamarã,enquanto isso, passeava no mar às vistas de todos, cumprindo seu ritual de ilegalidade. Para que agisse impunemente há que se ter um por quê.

A questão é que no Brasil este não é o primeiro e nem será o último caso desta natureza e pelas mesmas razões. Isto é, pelo desrespeito, o descaso e a falta real de prevenção de quem de direito.

E agora o quem vem depois?

Lembro do caso do Bateau Mouche, no Rio de Janeiro, em 1989, embarcação que naufragou na Baía da Guanabara em plena festa de reveillon, matando 55 pessoas. O barco fazia a festa com 62 passageiros a mais do que sua capacidade permitia. Depois da tragédia as autoridades passaram a empurrar o caso com a barriga, pois ninguém quis assumir os seus erros diante da tragédia.

Os donos da empresa Bateau Mouche Rio Turismo, Faustino Puertas Vidal e Avelino Rivera (espanhóis) e Álvaro Costa (português), foram condenados por homicídio culposo (sem a intenção de matar), sonegação fiscal e formação de quadrilha, em maio de 1993, a quatro anos de prisão em regime semiaberto.

Sequer cumpriram 1 ano de pena. Veio  alguém com poder suficiente e facilitou-lhes a fuga para Espanha em fevereiro de 1994. E lá estão impunes.

Cá ficaram 55 famílias chorando seus mortos.

Enfim, seja em Maragogi, no Oiapoque ou no Chuí, por aqui, é assim que se navega.

 

 

 

 

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