20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro ataca jornalista ao ser perguntado sobre imóveis e dinheiro vivo

Na discussão, ele diz que a que a pergunta da jornalista Amanda Klein, da Jovem Pam, é uma “acusação leviana”

Bolsonaro ataca outra vez uma mulher jornalista na Jovem Pam

Nesta terça-feira (06), durante uma entrevista no Jornal da Manhã, da Jovem Pan, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi questionado pela jornalista Amanda Klein sobre o recente escândalo da compra de imóveis. O ex-capitão fez questão de atacá-la e não respondeu nada.

“Amanda, você é casada com uma pessoa que vota em mim. Não sei como é o teu convívio com ele na sua casa”, disse o chefe do Executivo.

Em seguida, Amanda rebate: “Minha vida particular não está em pauta aqui”. O presidente por sua vez, responde: “E a minha [vida] particular está em pauta por quê?”.

A jornalista afirma no mesmo instante: “Porque o senhor é uma pessoa pública, o senhor é Presidente da República”. Já no final da discussão, Bolsonaro avalia a pergunta de Amanda como “leviana”. “Respeitosamente, essa acusação tua é leviana”.

Amanda é casada com o empresário Paulo Ribeiro de Barros. Em entrevista a um canal no YouTube ela afirmou:  “O fato de ele votar no Bolsonaro e eu não, não quer dizer que a gente não tenha pontos em comum”.

Posteriormente, Bolsonaro ainda disse que a jornalista queria colocar nele um rótulo de “corrupto”. “Você quer me rotular de corrupto, Amanda?”, questionou. “Se a Folha faz essa investigação sem pé nem cabeça para me atingir, me perseguem há mais de quatro anos, agora você, da Jovem Pan, vai querer endossar a Folha de S. Paulo?”.

O presidente continua: “Amanda, você está convidada a conhecer minha mansão na vila história de Mambucaba, que vale, segundo a Folha, milhões de reais. Vá lá conhecer, você é casada por uma pessoa bem-sucedida economicamente, eu te vendo hoje a casa que vale milhões de reais. Você vai acreditar na imprensa, Amanda?”.

Recentemente, um levantamento patrimonial feito pelo UOL mostra que quase metade do patrimônio em imóveis do clã Bolsonaro foi comprado total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declarações dos próprios familiares.

Ele repetiu argumento do filho Flávio Bolsonaro (PL), dizendo que consta nas escrituras o termo “pago em moeda corrente”, que, segundo ele, não necessariamente significa cédulas de dinheiro vivo.

Essa expressão, de acordo com funcionários de cartórios, significa pagamento em cash. A prática não é ilegal, mas é vista com desconfiança por órgãos de controle e investigação, como o Ministério Público.

O presidente disse ainda temer que a Polícia Federal deflagre uma operação de busca e apreensão na casa de seus familiares para apurar as suspeitas de lavagem de dinheiro. Mencionou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contra empresários bolsonaristas que defenderam um golpe de Estado em conversa no WhatsApp.

“Tenho quase certeza que vão fazer busca e apreensão na casa de parentes meus para dar aquele ar de ‘olha, a família de corruptos’”, afirmou.