O governo federal cortou a operação Carro-Pipa, que leva água potável às famílias no semiárido nordestino. O programa durava 20 anos e não aguentou uma eleição perdida de Jair Bolsonaro, que interrompeu o fornecimento de água a moradores do interior no Nordeste.
O corte de recursos ocorreu logo após o segundo turno da eleição.
Somente em Alagoas, 150 mil famílias são atendidas pelo programa, é financiado com recursos do Exército Brasileiro em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional. Os Estados da Bahia, Paraíba e Pernambuco também estão com as atividades paralisadas.
O mesmo Exército tem em sua planilha 1,6 milhão de pessoas que teriam direito ao abastecimento em novembro em oito estados do Nordeste, mas estão prejudicadas.
Em Alagoas, primeiro estado a receber cortes, 148.427 pessoas estão inscritas no programa somente no mês de novembro. O município de Girau do Ponciano é o que mais tem famílias cadastradas para receber água potável, com 12.383. Palmeira dos Índios: 9.115; Senador Rui Palmeira: 8.851; Igaci: 8.793; Traipu: 8.169.
Em Pernambuco, Paraíba e Bahia, a paralisação foi informada apenas na quinzena final de novembro, assim como vem ocorrendo nos demais estados, com os caminhões deixando de prestar o serviço à população.
A suspensão pegou as Defesas Civis, pipeiros e moradores de surpresa. Pela regra, cada família tem direito a 20 litros de água por dia a cada integrante assistido. Ou seja, se a casa tem cinco moradores, são 100 litros diários. Eles já relatam prejuízos.
Outro lado
O Exército informou ontem que a corporação “é responsável apenas pelas ações que envolvem a execução da operação, a partir do repasse de recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional ao Ministério da Defesa”.
Já o MDR explicou o fluxo de outra forma. Disse que a renumeração dos pipeiros é feita pelo Exército e que a pasta “apenas faz o repasse dos recursos”.
Ainda de acordo com o MDR, a operação Carro-Pipa atendeu a média mensal de 455 municípios, beneficiando 1,5 milhão de pessoas.