20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Bolsonaro depõe hoje na PF sobre atos golpistas, após treinamento com advogados e assessores

Enquanto a PGR acredita que o ex-presidente incitou o público a cometer crimes, bolsonaristas culpam petistas e o PT

Matéria atualizada às 13h

Na manhã de hoje (26), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi interrogado pela Polícia Federal em relação à sua suposta conexão com os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.

Naquele dia, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional foram vandalizados por apoiadores de Jair, que não concordavam com a vitória de Lula (PT) nas eleições presidenciais. E dois dias depois, um perfil do então presidente postou um vídeo que duvidava da apuração das urnas.

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Em seu depoimento,  o ex-presidente disse, que postou por engano em uma rede social um vídeo que questionava a lisura das urnas eletrônicas. Segundo a defesa, Bolsonaro estava sob efeito de medicamentos quando fez a postagem, pois havia sido hospitalizado.

Ele teria recebido o vídeo e pretendia guardá-lo para assistir mais tarde, mas acabou postando por engano, sem perceber que havia feito isso.

Bolsonaro passou a tarde de ontem (25) reunido com advogados e assessores para treinar as respostas que dará no depoimento e ficou decidido que ele responderá exclusivamente sobre o que a Procuradoria-Geral da República (PGR) incluiu na representação. Ele permaneceu na sede da PF das 8h45 às 11h20.

Inquérito

A investigação do inquérito está em andamento para descobrir quem foi o responsável pelos atos golpistas – apesar da pauta bolsonarista, da presença de influenciadores bolsonaristas, do financiamento de bolsonaristas e até mesmo incitação de políticos bolsonaristas, bolsonaristas afirmam que o vandalismo praticado no dia 8 de janeiro foi culpa do PT.

O ex-presidente foi incluído na investigação após postar um vídeo com notícias falsas sobre as eleições em uma rede social, dois dias após a invasão dos prédios dos três poderes. O vídeo já foi removido.

Os investigadores devem abordar as repetidas e infundadas tentativas de Bolsonaro de contestar o processo eleitoral, além de questioná-lo sobre qualquer possível ligação com os ataques e se ele teve contato com algum dos invasores.

A Procuradoria-Geral da República acredita que o ex-presidente incitou o público a cometer crimes. Bolsonaro também será interrogado pela PF sobre o caso das joias sauditas apreendidas com sua equipe de governo.

Bolsonaristas invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo

PF

Os investigadores da Polícia Federal têm como objetivo questionar se Bolsonaro possui conexões com financiadores de caravanas para os atos e outras pessoas que participaram dos ataques. Léo Índio, sobrinho de Bolsonaro, por exemplo, foi alvo de uma operação da PF relacionada ao caso.

Outro ponto que a polícia está investigando é o silêncio de Bolsonaro sobre a mobilização de golpistas acampados em frente a quartéis-generais do Exército, como o de Brasília, de onde saíram os vândalos em 8 de janeiro.

A PF também está investigando a proximidade de Bolsonaro com Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e então secretário de Segurança do Distrito Federal. Torres está preso há mais de três meses sob a acusação de omissão e conivência com os ataques golpistas.

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No dia da depredação, tanto Bolsonaro quanto Torres estavam nos EUA, mas ambos negam ter se encontrado ou tratado do assunto.

Dentro da Polícia Federal, fontes ligadas ao inquérito afirmam que o ex-presidente está sendo investigado da mesma forma que todos os outros supostamente envolvidos nos atos golpistas.