Um grupo de até 15 invasores da Terra Indígena Waiãpi, no oeste do Amapá, tomou uma aldeia fez incursões para intimidar índios que habitam uma região remota no estado. Todos portando armas de grosso calibre, afirma documento interno da Funai (Fundação Nacional do Índio).
Eles foram os responsáveis pelo assassinato do líder Emyra Waiãpi, na semana passada. O órgão indigenista ressalva que ainda não esteve no local do crime, acessível apenas após uma viagem de carro, de barco e a pé.
A denúncia foi relatada por Jawaruwa Waiãpi ao senador Randolfe Rodrigues (Rede). O parlamentar, em vídeo nas redes sociais, informou que acionou a Polícia Federal e o Exército para que enviem militares e evitem confrontos.
Nota do Conselho das Aldeias Wajãpi – Apina sobre a invasão ocorrida na Terra Indígena Wajãpi. Desde que recebemos a informação, estamos dedicando todo nosso apoio aos povos da região. Seguiremos cobrando a retirada dos invasores e a punição dos assassinos #SOSWajãpi pic.twitter.com/8ENZ2ldXJH
— Randolfe Rodrigues (@randolfeap) July 28, 2019
E ao comentar pela primeira vez o caso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que “não tem nenhum indício forte” de que ele tenha sido assassinado.
“Não tem nenhum indício forte que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades, a PF está lá, quem nós pudermos mandar nós já mandamos. Buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso ai”. Jair Bolsonaro, presidente.
A invasão ocorre em meio a seguidas declarações do presidente Bolsonaro de que pretende legalizar mineração e garimpos em terras indígenas, uma promessa de campanha. A mudança na legislação, no entanto, precisa do aval do Congresso.
Bolsonaro voltou a dizer que sua intenção é regulamentar o garimpo e autorizar a exploração de minérios dentro de território indígena. Na visão dele, as demarcações indígenas estão “inviabilizando o negócio” no Brasil.
“É intenção minha regulamentar garimpo, legalizar o garimpo. Inclusive para índio, que tem que ter o direito de explorar o garimpo na sua propriedade. Terra indígena é como se fosse propriedade dele. Lógico, ONGs de outros países não querem, querem que o índio continue preso num zoológico animal, como se fosse um ser humano pré-histórico”. Jair Bolsonaro.
No final de semana, Bolsonaro, um opositor histórico das demarcações, disse que quer o filho, Eduardo, como embaixador do Brasil nos EUA para que ele possa atrair investimento norte-americano na exploração de minérios em territórios indígenas.