2 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Peculato: Bolsonaro mandou chefe da RF resgatar joias da Arábia Saudita

Presidente queria também levar para casa o pacote de R$ 16,5 milhões retido pela Receita Federal, em São Paulo

A joias da “coroa” que Bolsonaro levou do Planalto para casa

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) está mais enrolado do que novelo de lã no caso da joias da União, que levou para casa, após deixar o governo e até escondeu um pacote numa fazenda do piloto Nelson Piquet.

Em depoimento, no dia 5 de abril, ele disse que conversou pessoalmente com o ex-chefe da Receita Federal (RF) Júlio César Vieira Gomes para tratar das joias  dadas pelo governo da Arábia Saudita . O conteúdo foi revelado pela TV Globo nesta sexta-feira, 14.

Os itens valiosos foram confiscados pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em outubro de 2021. Os produtos avaliados em R$ 16,5 milhões estavam com a comitiva presidencial, que tentaram entrar no país com as joias sem declarar.

“O declarante [Bolsonaro] solicitou ao ajudante de ordens, coronel Cid, que obtivesse informações a cerca de tais fatos; que o ajudante de ordens oficiou a Receita Federal para obter informações; que neste interim o declarante estabeleceu contato com o então chefe da Receita Federal, Júlio, cujo sobrenome não se recorda, e salvo engano, determinou que estabelecesse contato direto com o ajudante de ordem; que as conversas foram pessoalmente, pelo o que se recorda”. É o que diz um dos tópicos do relatório com o depoimento de Bolsonaro na PF.

O capitão da reserva ainda contou que foi informado da existência das joias entre novembro e dezembro do ano passado. Ele contou aos policiais federais que não se recorda quem foi o responsável por avisar sobre os itens valiosos, no entanto, acredita que tenha sido alguém envolvido com o Ministério de Minas e Energia.

As joias foram entregues para a comitiva do então ministro Bento Albuquerque e tinham como destino para Jair Bolsonaro. Porém, os produtos não podiam ser incluídos no acervo pessoal do ex-presidente e sim do governo federal, porque não houve declaração para a Receita e nem pagamento de impostos. O ex-mandatário garante que nunca falou do tema com o ex-ministro.

Ele ainda relatou que jamais “decidia ou era consultado, ou mesmo opinou, quanto à classificação, entre o acervo público ou privado de interesse público”.

Crime de Peculato

Bolsonaro é investigado na Polícia Federal pelo crime de peculato e os investigadores reforçam a certeza de que o ex-presidente se apropriou indevidamente do que não era dele, após o depoimento do ex-chefe da Receita, Júlio César Vieira Gomes.

Ele disse à PF que soube das joias pelo próprio Jair Bolsonaro que queria, a todo custo, o pacote de mais de R$ 16 milhões que foi retido pelos técnicos da Receita, na Alfândega, em São Paulo