O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou uma nova eleição para decidir três cargos da Mesa Diretora. Entre eles o de vice-presidente, antes ocupado pelo deputado Marcelo Ramos (PSD-AM).
A decisão foi tomada depois do ministro Alexandre de Moraes, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), reconsiderar uma decisão de abril que mantinha Ramos no posto, afirmando hoje que a eleição para a Mesa é um assunto interno da Câmara.
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Assim, foi publicado um ato que retira Ramos da Mesa e outros dois parlamentares — Marília Arraes (Solidariedade-PE) e Rose Modesto (União-MS), que ocupam as segunda e terceira secretarias, respectivamente.
Os três trocaram de partido desde que foram eleitos para a Mesa. Ramos deixou o PL para se filiar ao PSD, enquanto Arraes saiu do PT e Modesto, do PSDB.
Ramos afirmou que “respeita” e vai cumprir a decisão do ministro porque é um “democrata”. O deputado escreveu ainda que “diferente dos que vendem suas consciências e vendem a democracia por alguns tostões, eu sempre ficarei com os meus ideias”.
Quero dizer que respeito e cumpro a decisão do Ministro Alexandre de Moraes que, não julgou o mérito, mas a incompetência do TSE. Eu sou um democrata e jurei a Constituição, defendo as decisões judiciais até quando discordo delas.
— Marcelo Ramos (@marceloramosam) May 23, 2022
Bolsonaro
Assunto “interno”, mas provocado pelo Executivo. A briga pelo cargo foi motivada pelas duras críticas de Ramos aos decretos publicados pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), que reduzem o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados e impactam a Zona Franca de Manaus.
Durante uma transmissão semanal, o presidente da República chegou a admitir que pediu ao PL para destituir Ramos do cargo. Também já o chamou de insignificante.
Deputados do partido de Bolsonaro relataram “constrangimento” pela pressão do presidente contra Ramos, uma vez que a bancada e o próprio presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, têm uma boa relação com o deputado amazonense. Contudo, repudiaram a decisão de Ramos de acionar a Justiça para tratar de um assunto do Legislativo.