4 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Câmara dos Deputados debate nesta 3ª feira liberação da maconha para uso medicinal

Projeto de lei defende regulamentação do cultivo do Cannabis, como já acontece em outros países

Discussão sobre a liberação do cultivo da maconha acontece nesta terça-feira

A pandemia causada pelo novo coronavírus escancarou a fragilidade da saúde pública no Brasil quanto à sua quase total dependência da importação de insumos. Com apenas 5% dos insumos utilizados na fabricação de medicamentos produzidos em território nacional, o Brasil precisa importar os outros 95%, segundo dados da ABIQUIFI – Associação Brasileira das Indústrias de Insumos Farmacêuticos.

A entidade defende que é necessário criar uma estratégia para o favorecimento e estímulo na fabricação de insumos, de modo a se evitar futuros problemas nesse setor. “É preciso que o Brasil crie, o quanto antes, uma base para a produção de insumos e matéria-prima, de modo a atender as farmacêuticas que operam no país. Somente dessa maneira se conseguirá reverter o cenário de vulnerabilidade sanitária pelo qual o país está passando e, desse modo, evitar futuros problemas na saúde pública”, diz a ABIQUIFI.

Hoje, muitos medicamentos utilizados no tratamento de comorbidades dependem da importação de insumos, como a Cannabis medicinal.

Câmara dos Deputados marca realiza sessão nesta 3ª feira

Nesta terça-feira, 20, a Câmara dos Deputados realiza uma reunião extraordinária da comissão dos produtos formulados à base da maconha.

O deputados vão discutir o texto, substitutivo ao PL399/2015,  de autoria do deputado Luciano Ducci (PSB-PR). O projeto defende a regulamentação do cultivo, pesquisa e produção de medicamentos e produtos industrializados à base de maconha, como já acontece em mais de 40 países.

Usados há muito tempo para ajudar a reduzir dor, convulsões e inflamações de diferentes condições, produtos à base de cannabis vêm sendo estudados e apontados como importantes coadjuvantes no tratamento dessas patologias, levando melhor qualidade de vida aos pacientes. No entanto, como não é permitida a produção de insumos à base de Cannabis no Brasil, apenas sua importação, tratamentos com os medicamentos que foram liberados para a comercialização tem um custo muito alto, o que os tornam inacessíveis para a maior parte da população. Custo esse que seria bastante reduzido caso a fabricação do insumo acontecesse em território nacional e não fosse necessário depender de importações. Além disso, consequentemente, facilitaria o acesso a milhares de pessoas que necessitam do tratamento e não dispõem de recursos para arcar com o alto valor decorrente das importações.

Com plena capacidade de ter uma cadeia de produção nacional completa e de ser um dos grandes players mundiais na produção de cannabis medicinal, o Brasil ainda importa esse insumo tão importante: “O Brasil é extremamente dependente da importação de insumos farmacêuticos, sendo apenas 5% do que é consumido no país produzido localmente. A legislação substitutiva ao PL 399 possibilita a produção completa da cadeia de medicamentos feitos à base de Cannabis no Brasil, desde o insumo até o produto acabado que chegará ao paciente com um custo mais baixo, garantindo acesso ao tratamento.” – explica Carolina Sellani, Coordenadora do Grupo de Trabalho de Insumos de Cannabis da ABIQUIFI.

Segundo o deputado Luciano Ducci, relator do texto substitutivo ao PL399, o projeto não beneficia o tráfico de drogas e nem prevê plantações em larga escala, uma vez que o cultivo seguirá regras bem rígidas, necessitará da autorização da ANVISA e só poderá ser solicitado por pessoa jurídica, em que toda a produção deverá ter segurança específica e se submeter à fiscalização de órgãos oficiais.