3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Com Renan pressionado a entregar relatório, CPI realiza mais depoimentos contra a Prevent Senior

Colegiado, no entanto, poderá funcionar até o início de novembro, mesmo com Omar Aziz sofrendo retaliações para não prosseguir

Omar Aziz, presidente da CPI da Pandemia, conversa com integrantes da comissão. Foto: Pedro França

Após anunciar que adiará a entrega do relatório final da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem sido aconselhado por colegas a colocar em votação o documento já na semana que vem. O colegiado, no entanto, poderá funcionar até o início de novembro.

O principal motivo para o atraso do fim da CPI é a oitiva de Marcelo Queiroga. Assim como o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan considera imprescindível convocar pela terceira vez o ministro da Saúde. Para que a oitiva de Queiroga ocorra, porém, é necessário esperar que ele termine a quarentena que cumpre em um hotel em Nova York

A nova data tem sido pressionada em especial pelo presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM). O senador vem sofrendo retaliações pelo Palácio do Planalto, que rejeitou emendas a municípios ligados ao parlamentar e fortaleceu o atual governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), desafeto político de Aziz.

Fontes ligadas ao Planalto e a Aziz informaram à reportagem que há uma forte articulação do governo, por meio do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), para tentar enfraquecer o chamado G-7, grupo que reúne senadores de oposição e os considerados “independentes” e que tem maioria no colegiado.

Nogueira, que já foi integrante da CPI, tem tentado convencer o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) a se tornar “mais independente” e a não chancelar todas as decisões dos colegas do G-7.

Prevent Senior

A CPI da Covid-19 ouve nesta semana a advogada Bruna Morato, representante dos médicos da Prevent Senior que realizaram denúncias contra a empresa, além do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

As falas devem servir para aprofundar apurações sobre supostas irregularidades em unidades da operadora e sobre possível elo entre o governo federal e entes privados para promover tratamento sem eficácia para Covid-19.

O primeiro depoimento será o da advogada, nesta terça-feira (28). Um dossiê entregue à CPI por 15 médicos que trabalharam na Prevent, representados pela advogada, aponta que pacientes e parentes não eram consultados sobre a administração de medicamentos do chamado “kit Covid”.

Os senadores do grupo majoritário da CPI da Covid já trabalham internamente com a possibilidade de adiar por mais tempo a conclusão das atividades da comissão, em previsões que variam do meio ao fim de outubro. O principal motivo é a evolução da apuração envolvendo a operadora Prevent Senior.

Hang deve ser ouvido na quarta-feira (29). A convocação do empresário não foi consenso nos bastidores do grupo majoritário da CPI. Alguns senadores avaliam que o empresário tem pouco a acrescentar na apuração e que a sessão pode virar só um palco para que ele defenda o que chama de tratamento precoce.

Há a percepção, porém, de que os depoimentos voltarão a colocar em evidência o gabinete paralelo, suposta estrutura de aconselhamento para temas da pandemia de Bolsonaro, fora da estrutura do Ministério da Saúde.