Na tentativa de reatar o namoro com Zé Fumacê – o rei da boate O Carvão, na Levada – Dona Nildinha se aprontou em duas noites de carnaval e ficou à espera do amante latino que não apareceu. A decepção tomou-lhe conta da vida.
O neto, Considerado, ao ver a velha em estado depressivo foi ao bar do Grutinha para encontrar o cara que havia marcado a farra com a avó dele e, na hora H, farrapou.
Encontrou vários amigos na mesa do bar: Belleboi, Batoré, Coleguinha, Tonelada, Bill Pontão, Pastor, Cobra coral e outros. Chegou perguntando pelo velho Fumacê com uma cara de abuso que deixou olhares estranhos em diversas mesas.
-O que houve Considerado? –Foi a pergunta geral na mesa. Ele não quis dar maiores explicações, mas disse que estava à procura do Fumacê.
-Já sei. Estás atrás da maconha estragada dele… – Disse o Batoré.
Considerado não gostou do gracejo, mas relevou por que não queria perder o foco do seu momento de tristeza por conta de um amigo. O problema era o Fumacê. Preferiu deixar um recado.
-Digam a ele que eu e minha avó estamos o esperando em casa desde o carnaval.
A ficha caiu. A turma descobriu que Zé Fumacê havia dado mais um cano na vovozinha do Considerado. Logo ele, que tinha sido contra o namoro, mas nada poderia ter feito diante da paixão arrebatadora que dominou dona Nildinha.
Ele deixou o bar o voltou para casa. Precisa fazer alguma coisa para tirar a vó da imensa tristeza que lhe dominara.
Na chegada procurou-a por todos os cantos da casa e não encontrou. A preocupação ficou ainda mais latente. Chamou, gritou e nenhum sinal.
Foi ao quintal e logo encontrou um pé de laranja plantado próximo a caixa d’água. Pensou que ela havia melhorado e resolvera plantar fruteiras detrás da casa. Mas, bastou andar cinco passos à frente para perceber que o problema era pior do que imaginava.
Considerado tomou um susto quando viu a figura de Nildinha trepada em um pé de goiaba, vestida em um Baby Doll de renda com bojo, todo vermelho.
-Meu Deus, vó o que é isso?
-Isso o quê?
-São duas horas da tarde, numa temperatura dessas e a senhora aí em cima…
-Problema meu!
-Não senhora. Quem se veste desse jeito e trepa numa goiabeira não pode estar normal.
-Eu me vesti para ele, aquele cachorro…
-Eu lhe disse que ele não prestava…
-Não diga nada. Eu já ajeitei sua vida.
-Como assim?
-Plantei aquele pé de laranja
-Que merda é essa minha avó?
-Merda não, todo mundo já sabe que laranjal hoje dá dinheiro.
-Meu Deus…desça daí que eu vou levá-la ao psiquiatra.
-Não senhor, eu quero vê-lo. Se aquela doida viu, eu também quero.
-Ver quem? –Saia logo daí, endoidou foi?
-Só saio daqui quando eu ver Jesus nesta goiabeira.
Achei forçado e desnecessário!
Mesmo que seja um blog que ironiza assuntos do cotidiano, fazer chacota com a fé alheia e, principalmente, com um assunto tão delicado, quanto o de abuso sexual infantil, que está inserido no contexto da fé, é algo infeliz, feio!
Poderia rever a forma de fazer humor sem atingir a história de superação de pessoas.
Por mais que a empatia não exista.
Obrigada!