6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Crises constantes desfazem núcleo político de Bolsonaro

Eleito com um discurso que prometeu linha dura contra irregularidades dos políticos, partido de Bolsonaro tem seu núcleo envolvido em corrupções

As constantes crises no PSL, núcleo político que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha eleitoral e o início da administração, vem aos poucos se desfazendo nestes 9 meses de governo.

E a relação com o presidente nacional da sigla, Luciano Bivar (PSL-PE), desmoronou na terça-feira passada (8). Sem saber que estava ao vivo, Bolsonaro, que ainda vai morrer pela boca, sugeriu que um apoiador “esquecer o PSL” e afirmou que o pernambucano está “queimado pra caramba”. Curiosamente, nesta terça-feira, a PF fez uma ação nos endereços de Bivar para investigar o caso das laranjas do partido.

Desde então, o PSL se vê em crise com alfinetadas de parte a parte e barracos nas redes sociais. Como pano de fundo, ambições políticas, disputa pelo controle do dinheiro do fundo partidário e a influência dos filhos do presidente.

O próprio presidente já conversa com pelo menos cinco partidos caso opte por deixar o PSL. A afirmação foi dada pela advogada eleitoral do presidente, Karina Kufa, em entrevista publicada hoje pelo jornal “O Globo”.

Presidente não largará a mão de ministro responsável por desvio milionário

Ministérios

Dos 22 ministros do governo, seis enfrentam acusações e suspeitas na Justiça. Os casos resultaram em processos e investigações por caixa dois, improbidade administrativa, desvio de recursos públicos e irregularidades em negócios com fundos de pensão.

Eleito com um discurso que prometeu linha dura contra irregularidades dos políticos, Bolsonaro tem mantido nos cargos os ministros implicados em investigações.

Mas apesar dos pesares, Bolsonaro diz que o alvo do caso dos laranjas não seria o ministro Marcelo Álvaro Antônio (PSL), mas sim ele mesmo: “Sou eu, Bolsonaro, que querem rotular como corrupto”.

Até o momento, Bolsonaro não expressou intenção de afastar nenhum dos ministros que são objeto de investigações.

Julian Lemos foi mais um alvo dos pitis de Carlos Bolsonaro

Rixas no partido

Atacado internamente por Carlos Bolsonaro, assim como aconteceu como seu amigo Gustavo Bebianno, derrubado após atritos com o filho “02”, o deputado federal Julian Lemos (PSL-PB) credita o afastamento do núcleo inicial de Bolsonaro no PSL ao “entorno” do mandatário.

Mas esse promete não largar o osso, apesar dos maus tratos. Ele afirma que se manterá aliado “mesmo que o presidente não fale mais comigo. Este é o mesmo caso do deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO), que após deixar o PSDB para se juntar a Bolsonaro no PSL, também afirma lealdade, mas lamenta a distância com o presidente da República.

Desde que Bolsonaro foi eleito, Waldir diz nunca ter sido convidado para conversar no Planalto e afirma que só vai à sede da Presidência em eventos. Waldir avalia que o presidente se cercou de outras pessoas que não aquelas que estavam na campanha, mas não sabe o motivo para a mudança.

Primeiro pelotão

Da linha de frente, Bolsonaro perdeu Bebianno, que foi secretário-geral da Presidência; o general Santos Cruz, demitido da Secretaria de Governo; e o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), que mudou de partido.

Por enquanto, os únicos aliados do primeiro pelotão que parecem estar a salvos são o líder do governo na Câmara, deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO), e o deputado federal Hélio Lopes (PSL-RJ).

Vitor Hugo é presença garantida em eventos no Planalto. O líder tem procurado se manter reservado e minimizar intrigas, além de servir como os olhos de Bolsonaro na Câmara.

Hélio Negão, como chamado pelo presidente, está sempre ao lado de Bolsonaro em viagens e se diz “soldado”. A atitude deve ser recompensada com apoio de Bolsonaro a uma possível candidatura à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2020.