2 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

De olho nas eleições, Arthur Lira ameaça dobrar taxação dos lucros da Petrobras

Preocupado com o processo eleitoral, Lira diz que a Petrobras se prepare pois vai enfrentá-la

Lira ataca a Petrobras e faz ameaças sobre os lucros dos acionistas

No rastro do cenário eleitoral do Brasil, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) decidiu atacar a Petrobras, neste domingo, 19, com ameaças e mandou a estatal se preparar para o enfrentamento.

A reação de Lira no Twitter e em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo é em função do aumento de preços dos combustíveis, exatamente no ano eleitoral, em que o presidente Jair Bolsonaro (PL), apoiado por ele, disputa a reeleição.

A elevação nos valores dos combustíveis é vista como um dos principais obstáculos ao projeto eleitoral do chefe do Executivo.

Em suas ameaças à estatal,  Lira disse que se “a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras”.

“Não queremos confronto, não queremos intervenção. Queremos apenas respeito da Petrobras ao povo brasileiro. Se a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras. E não é uma ameaça. É um encontro com a verdade”, postou no Twitter.

Em artigo publicado hoje na Folha de S.Paulo, de autoria do próprio presidente da Câmara e intitulado “Chegou a hora de tirar a máscara da Petrobras”, Lira escreveu que “ficou escancarada a dupla face da estatal”.

“Quando quer ganhar tratamento privilegiado do Estado brasileiro, a empresa se apresenta como uma costela estatal. Mas, na hora em que lucra bilhões e bilhões em meio à maior crise da história do último século, ela grita o coro da governança e se declara uma capitalista selvagem”, diz trecho do texto.

O discurso representa um novo capítulo da ofensiva por parte do governo federal e seus aliados contra a Petrobras. Na sexta-feira, 17, a estatal anunciou um novo reajuste nos preços dos combustíveis, o que levou governo, Congresso e o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), a criticarem a empresa.

Governo é acionista majoritário

O governo federal é o acionista principal da Petrobras e tem poderes para mudar a política de preços dos combustíveis, mas Jair Bolsonaro não se mexeu para tomar decisões. Agora cobra da empresa a mudança por causa do processo eleitoral.

Bolsonaro, contrariado, defendeu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras. Já Lira ameaçou dobrar a taxação dos lucros da empresa e disse que a nova alta era uma retaliação do presidente demissionário da estatal, Mauro Coelho, enquanto o ministro André Mendonça, do STF, pediu explicações sobre a política de preços.