20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Denunciado por mutilações em cirurgias de estética, cirurgião de Maceió se defende das acusações

Mulheres que sofreram abertura de pontos, deformações e necrose alegam que não houve cuidados adequados durante o pós-operatório

Após a Associação AME protocolar denúncia coletiva de pelo menos 15 mulheres contra o cirurgião plástico Felipe Mendonça por erro médico em cirurgias estéticas realizadas em Maceió, o médico se defendeu das acusações através de nota na imprensa.

Segundo a AME, que acolhe mulheres vítimas de violência e prestar um atendimento emergencial, existem casos de assimetrias mamárias, problemas na região umbilical e até mesmo mutilações em órgãos femininos.

A primeira paciente que denunciou o médico acabou sendo processada, sendo condenada a pagar R$ 500 toda vez que mencionasse o nome dele. Ela pagou R$ 70 mil à vista pela cirurgia em dezembro de 2022. Após a cirurgia, seus seios e glúteos ficaram assimétricos, sua barriga ficou maior e o umbigo mudou de forma.

Além disso, de acordo com a representante legal, as mulheres alegam que não houve cuidados adequados durante o período pós-operatório. As pacientes buscam esclarecer se houve negligência médica ou erro, o que motivou a abertura de uma investigação pela Polícia Civil de Alagoas.

As vítimas se reúnem em um grupo de Whatsapp chamado “Justiça”, que compartilham uma causa em comum: apoiar-se emocional e legalmente diante dos relatos de dezenas de alagoanas que afirmam terem sido vítimas de erro médico por parte do cirurgião plástico Felipe Mendonça.

Segundo denúncias da AME:

  • Os relatos são de mais de 45 mulheres, que fizeram cirurgia com o mesmo cirurgião, com procedimentos estéticos que causaram danos não só físicos, mas emocionais severos;
  • A mulher procurava fazer uma lipo e foi induzida a fazer uma abdominoplastia. Dessa cirurgia, de grande porte, os pontos se abriram. Uma delas chegou a ser suturada mesmo estando inflamada;
  • De mama, sendo uma maior que a outra, ou um seio com uma aréola para cima e outra para baixo; De todas, nenhuma que fez o procedimento de mama não teve uma cicatriz gigantesca e não teve o peito com a simetria prometida pelo médico;
  • Pacientes relatam que fizeram procedimentos enquanto acordadas, reclamando de dor, sentindo o cheiro da própria carne queimada e recebendo alertas de que se não ficassem quietas, teriam problema. E que não receberam informações de pós-operatório.

A advogada Júlia Nunes explica que a Associação foi procurada por dezenas de pacientes que fizeram a denúncia coletiva:

“Os relatos são de mais de 45 mulheres, que fizeram cirurgia com o mesmo cirurgião, com procedimentos estéticos que causaram danos não só físicos, mas emocionais severos. Meninas que fizeram novamente para corrigir e tornou ainda pior a consequência da cirurgia. Então estamos tentando recolher porque procuraremos a Justiça no sentido de a Polícia Civil investigar se houve ou não a prática de ilicitude durante o ato cirúrgico. Em verdade, hoje, pelo relato de todas elas, houve no mínimo uma negligência por parte do médico, que sempre justificava de alguma forma para adiar o problema, e posteriormente, culpava a própria vítima pelo resultado mal sucedido da cirurgia”.

A agora, a Associação AME acionou a Justiça e quer que a Polícia Civil de Alagoas (PC-AL) investigue se houve ou não a prática de ilicitude durante o ato cirúrgico.

Através de nota, o médico disse o seguinte:

Inicialmente, é importante esclarecer que, até a noite de ontem, não era de meu conhecimento a denúncia da Associação AME. Ressalto que não há nenhum tipo de laudo pericial ou qualquer evidência que corrobore com a alegação de suposto erro médico de minha parte. Tampouco condenação judicial ou ética.

Complicações pós-cirúrgicas há anos são descritas pela literatura médica e previstas em Termo de Consentimento. Sua existência não implica automaticamente na responsabilidade do profissional médico, podendo decorrer por diversos fatores alheios ao ato médico.

Desde 2009, realizo cerca de 400 cirurgias plásticas por ano, sendo membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e realizando continuamente cursos de especialização no Brasil e no exterior.

Como profissional da saúde, minha prioridade é seguir as normas éticas que regem a profissão, utilizando conhecimento atualizado e me esforçando ao máximo para garantir a saúde e o bem-estar de meus pacientes. Dessa forma, reitero meu compromisso com uma prática médica ética, responsável e de alta qualidade. Sigo à disposição para sanar quaisquer dúvidas que possam surgir.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) também emitiu um comunicado à imprensa, destacando que em casos de denúncias o órgão vai adotar medidas para apurar a conduta do médico associado, mas que não vai comentar especificamente o caso em questão.