A Defensoria Pública União (DPU), em Brasília, passou a ver com outros olhos o maior crime ambiental do mundo, causado pela mineradora Braskem, em Maceió.
A tragédia alagoana foi debatida pelo deputado federal Paulão (PT-AL) e os defensores Igor Roque e Isabella Simões.
Segundo o deputado, Igor Roque, que é um dos cotados para assumir a DPU, ficou estarrecido com a situação dos bairros afundados pela Braskem.
Uma das questões em análise foi o fechamento dos hospitais psiquiátricos nas regiões afetadas, principalmente o Hospital Portugal Ramalho, instalado na região do bairro do Pinheiro, em Maceió, o único em funcionamento.
De acordo com Paulão, os relatos de servidores do hospital é que as rachaduras das paredes do prédio são ameaças constantes de desabamento, mas que até agora a Braskem não se incomodou com a situação.
“Pedimos a DPU para entrar no caso. O que todos querem é que a empresa causadora do desastre compre o terreno já escolhido pelo hospital e inicie a construção do novo Portugal Ramalho, fora da área de afundamento”, disse o deputado.
Rota dos Milagres
Paulão destacou ainda que uma de suas pautas para análise do Departamento do Patrimônio da União (DPU) foi o avanço desordenado da especulação imobiliária no litoral norte do Estado, principalmente entre São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras.
Observou que há uma série de denúncias de áreas sendo invadidas, privatização de praias e agressões desmedidas ao meio ambiente, sem que os órgãos de fiscalização deem respostas em tempo hábil nesses casos na área litorânea.
O debate, disse o deputado, girou em torno de pontos para análises do DPU que demonstrou muita preocupação com todas essas situações envolvendo esses dois casos em Alagoas.
Além do litoral norte em toda a extensão da chamada costa dos corais entre Pernambuco e Alagoas é preciso ficar de olho nos novos alvos da agressiva especulação imobiliária: os cânions do Rio São Francisco e, como novidade recentíssima, a Foz do Velho Chico. Além de combater a impunidade gritante em relação aos crimes ambientais característicos desse processo é urgente a realização do zoneamento costeiro e a retomada em grande escala da governança ambiental antes que a sanha incontrolável do turismo de arrasto e do capital imobiliário esquartejem literalmente a costa alagoana.