4 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Em Davos: Assessor que entregou “antiprofissionalismo da imprensa” foi exonerado

Durante a eleição, Tiago Pereira Gonçalves fez postagens críticas ao hoje presidente

Após o cancelamento da entrevista coletiva do presidente Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial, a primeira versão oficial do motivo foi a “abordagem antiprofissional da imprensa”, que teria criticado o curto discurso do presidente na abertura do Fórum.

Embora o presidente tenha dado entrevistas para Record, o cansaço foi dado como motivo final para não ser entrevistado por jornalistas de todo mundo. O presidente evitava falar sobre seu filho Flávio, envolvido com milícias. Mas o estrago já estava feito.

E pelo excesso de sinceridade, o assessor de imprensa Tiago Pereira Gonçalves foi exonerado nesta segunda-feira (28). A sua saída foi publicada no “Diário Oficial da União” e ele trabalhava no Palácio do Planalto desde agosto do ano passado, na administração do ex-presidente Michel Temer.

No período eleitoral, Thiago chegou a fazer diversas postagens críticas a Bolsonaro. Ele também compartilhou um vídeo favorável à campanha #EleNão.

Coletiva cancelada

Bolsonaro e sua equipe cancelaram com apenas 40 minutos de antecedência uma entrevista coletiva que concederia a jornalistas na Suiça. A equipe do Fórum, claro, foi pega de surpresa.

Segundo o cronograma, ele deveria se dirigir ao centro de imprensa, onde faria um pronunciamento seguido de entrevista coletiva com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Sergio Moro (Justiça).

O assessor da Presidência, Tiago Pereira Gonçalves, disse que o cancelamento da entrevista coletiva se deu devido à “abordagem antiprofissional da imprensa”.

O local para a primeira conversa do presidente e dos ministros com a imprensa brasileira já estava preparado, mas nem mesmo os ministros Paulo Guedes, Sergio Moro e Ernesto Araújo, mas eles também não apareceram.

Os jornalistas estrangeiros só foram comunicados oficialmente pela organização do Fórum 17 minutos após o horário em que a entrevista começaria. E isso pegou mal. É incomum que um chefe de Estado ou governo não dê nenhuma entrevista coletiva em Davos, evento visto como uma vitrine mundial para investidores.

Filho problema

Mais cedo, Bolsonaro declarou em entrevista à agência Bloomberg que se seu filho Flávio Bolsonaro, atolado em denúncias que agora envolvem até milícias no Rio, for culpado no caso envolvendo movimentações atípicas em sua conta, ele pagaria por isso.