20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Transição terá sócio da empresa de disparos de Whatsapp

Também tem um condenado por estelionato, preso e alvo três vezes da Lei Maria da Penha

Marcos Aurélio (mais à direita) com os futuros ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil, à direita)), General Augusto Heleno (Defesa, ao centro) e Marcos Pontes (Ciencia e Tecnologia)

Parte da equipe de transição do governo já está nomeada. A lista com os 27 nomes já escolhidos pelo presidente eleito Jair Bolsonaro foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU). Inicialmente, foram definidos 22 assessores, depois incluídos mais cinco que vão atuar sem remuneração. Até o fim desta semana, outros nomes deverão ser agregados.

Bolsonaro pode indicar até 50 pessoas para sua equipe de transição. Na lista, estão alguns nomes já confirmados como futuros ministros, como o economista Paulo Guedes, que vai comandar o superministério da Economia  – que une Fazenda, Planejamento e Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior. Nenhuma mulher foi nomeada para a equipe, até o momento.

Whatsapp

O empresário Marcos Aurélio Carvalho, sócio de uma empresa ligada à investigação sobre envio em massa de mensagens via WhatsApp durante as eleições deste ano, é um dos nomeados nesta segunda-feira. Carvalho, que é sócio da maior fornecedora da campanha de Bolsonaro, diz que vai cuidar da área de comunicação da equipe de transição. Seu salário como membro da equipe será de R$ 9,9 mil.

O empresário é sócio da AM4 Brasil Inteligência Digital. A empresa está envolvida no caso investigado pela Polícia Federal e pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Aquela dos disparos de notícias contra o PT, durante as eleições.

Na condição de sócio-administrador, Marcos Aurélio estaria, em tese, impedido de assumir o cargo para o qual foi nomeado. Isso porque a legislação impede que servidores públicos federais atuem como gestores ou administradores de empresas privadas.

Condenado

Outro nome já foi acusado três vezes e preso com base na Lei Maria da Penha, após denúncia de agressão à ex-esposa e a uma irmã. Apresentado por Bolsonaro como seu “homem forte na Paraíba e “amigo de primeira hora”, o deputado eleito Julian Lemos (PSL-PB) foi um dos coordenadores no Nordeste da campanha presidencial do PSL. Ele também foi condenado a um ano de prisão em primeira instância, em 2011, por estelionato. Mas o caso prescreveu antes de ser analisado pela segunda instância (leia mais abaixo).

Dos três inquéritos de que o deputado eleito era alvo com base na Lei Maria da Penha, dois foram arquivados após a ex-esposa dele, Ravena Coura, apresentar retratação e dizer às autoridades que se exaltou “nas palavras e falado além do ocorrido”. Um terceiro, porém, segundo registros do Tribunal de Justiça da Paraíba, continua ativo. Os casos ocorreram em 2013 e 2016.