3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Filhos 01 e 02 sacaram até 90% dos salários de ex-assessores de Bolsonaro

Funcionários de Flávio e Carlos Bolsonaro na Alerj tiveram seus sigilos fiscais quebrados na investigação da “rachadinha”

Após 2007, ao menos seis ex-funcionários do gabinete de Jair Bolsonaro, que na época era deputado federal, sacaram pelo menos 90% dos salários quando se tornaram, anos depois, assessores de Flávio e Carlos Bolsonaro na Alerj.

Enquanto recebiam R$ 1,58 milhão, prontamente retiravam em dinheiro vivo pelo menos R$ 1,41 milhão. Sabe-se dos saques na Alerj porque os seis tiveram sigilo bancário quebrado pela investigação da “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro, depois que saíram da Câmara dos Deputados.

Logo, não é possível saber o que faziam com os salários que recebiam do gabinete de Jair Bolsonaro antes da quebra de sigilo.

O único dos envolvidos a comentar o assunto foi Frederick Wassef, advogado de Flávio Bolsonaro. Em nota ao UOL, ele afirmou que:

“Flávio Bolsonaro nunca monitorou os hábitos financeiros e de consumo dos servidores que trabalharam em seu gabinete na Alerj. A forma como administravam as próprias contas era responsabilidade apenas deles. Seria no mínimo absurdo o parlamentar fazer tal tipo de controle e, portanto, não passa de fantasia a ideia de que houve rachadinha em seu gabinete”. Frederick Wassef, advogado de Flávio Bolsonaro.

Rachadinha

O UOL teve acesso às quebras de sigilo da investigação da suposta “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, em setembro de 2020, quando ainda não havia uma decisão judicial contestando a legalidade da determinação da Justiça fluminense, e veio, desde então, analisando as 607.552 operações bancárias distribuídas em 100 planilhas -uma para cada um dos suspeitos.

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou o uso dos dados resultantes das quebras de sigilos no processo contra Flávio, mas o Ministério Público Federal e o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) recorreram junto ao Supremo Tribunal Federal.

Os cálculos do UOL consideram os saques que, com certeza, têm origens nos salários recebidos. Ou seja, não é possível que esses valores sacados sejam fruto de outras fontes de renda.