22 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Governo Bolsonaro tem demissões e trocas em ministérios e cargos de alto escalão

Tarde começou com saída de Araújo nas Relações Exteriores, passando por Azevedo na Defesa, Levi na AGU e na Justiça

Foto: Sérgio Lima/PODER 360

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, pedi demissão na tarde desta segunda-feira. Ele não aguentou a pressão que sofria por sua saída e deixar o cargo seria esperado. Mas não o ministro da Defesa, General Azevedo, horas depois. E às vésperas do aniversário do golpe militar.

O presidente também quer a saída do general Edson Pujol, razão essa apontado como gota d´água Azevedo ter pedido para sair. A crítica especializada observava que a saída de Azevedo aconteceu porque, de forma oficial, ele afirmou que o Exército já se prepara para 3ª onda da covid-19, enquanto que Bolsonaro não queria saber disso nem da primeira.

A fala contradisse o que falou Bolsonaro sobre “seu exército” não bater de frente contra o povo para impor decretos estaduais. Vale lembrar também: o presidente garantiu na justiça poder comemorar o aniversário do golpe de 1964 agora, no dia 31 de março.

E pouco depois da Secretária de Educação Básica do Ministério da Educação pedir demissão (Izabel Lima Pessoa alegou motivos pessoais e familiares), foi a vez do AGU (Advocacia-Geral da União) José Levi Mello do Amaral ser chamado ao Planalto e ser demitido.

Bolsonaro e Levi vêm se estranhando há meses, com as recusas do AGU em encampar iniciativas do presidente sem fundamento. José Levi Mello do Amaral pede demissão do cargo de AGU | ADI (Ação direta de inconstitucionalidade) assinada por Jair Bolsonaro, sem representação da AGU, seria um dos motivos

André Mendonça, atual ministro da Justiça, mas que vem atuando como advogado pessoal do presidente, volta para a AGU. Anderson Torres, secretário de Segurança do DF, é o novo ministro da Justiça.

Resumindo:

  • A maior surpresa foi a demissão do ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva. Ele foi substituído pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto.
  • Para a Casa Civil, foi deslocado o general Luiz Eduardo Ramos, que estava na Secretaria de Governo.
  • A deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) assume a vaga de Ramos, em um aceno de Bolsonaro ao bloco do centrão na Câmara, base de sustentação de Bolsonaro na Casa.
  • O presidente ainda anunciou Anderson Gustavo Torres, secretário da Segurança do DF, como ministro da Justiça no lugar de André Mendonça, que volta para o comando da Advocacia-Geral da União no lugar de José Levy.
  • Por último, foi confirmado o nome de Carlos Alberto Franco França no Itamaraty na vaga de Ernesto Araújo.

Militares podem entregar o cargo

E não para por aí: a cúpula militar avalia colocar cargos à disposição de Bolsonaro. Num exemplo de distanciamento, como o do vice Mourão divulgando sua vacinação.

O ministro escreveu sozinho a nota de nove linhas em que agradeceu ao presidente pela oportunidade de comandar a Defesa e aos comandantes das Forças pelo empenho nas missões.

O ministro fez apenas uma observação pessoal, para registro histórico, no comunicado. Seu legado na Defesa foi “preservar as Forças Armadas como instituições de Estado”.

Após a conversa de Azevedo com os comandantes, o ministro demissionário chamou assessores próximos para uma reunião e, na sequência, trancou-se sozinho no gabinete. Aliados do ministro dizem que os comandantes das Forças Armadas sinalizaram que poderão colocar os cargos à disposição do Planalto.

Vale lembrar: isso tudo acontece menos de 24 horas depois que a presidente da CCJ, Bia Kicis, e do 03 Eduardo Bolsonaro, fazerem uso político de um soldado da PM em Salvador morto após um surto psicótico.

Eles defendem que a categoria se rebele contra governadores e “salvem” a população dos decretos de distanciamento social.