27 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Às vésperas de aniversário do golpe militar, Bolsonaro demite ministro da Defesa

Fernando Azevedo e Silva anunciou sua saída do cargo em nota divulgada na tarde desta segunda-feira

O general Fernando Azevedo e Silva foi demitido do cargo de ministro da Defesa nesta segunda-feira (29) pelo presidente Jair Bolsonaro.

A queda de Fernando Azevedo e Silva ocorre no mesmo dia da saída de Ernesto Araújo do cargo de ministro das Relações Exteriores. Segundo aliados, Bolsonaro deve promover novas trocar no primeiro escalão do governo federal.

A saída faz parte de uma reforma ministerial que o presidente pretende anunciar até o final do dia. Segundo assessores palacianos e dirigentes partidários do bloco do centrão, Bolsonaro avalia deslocar o general Walter Braga Netto da Casa Civil para a Defesa.

Com a mudança, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, deve ser acomodado na Casa Civil. A Secretaria de Governo, responsável pela articulação política, deve ser entregue a um parlamentar do bloco do centrão, que sustenta a base aliada do presidente no Congresso.

Os nomes favoritos no Palácio do Planalto para assumir a coordenação política são o do ministro das Comunicações, deputado federal Fábio Faria (PSD-RN), e do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

Forças Armadas

Em carta logo após a demissão, o general agradeceu o presidente e disse que, “nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado”.

“O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida”. Fernando Azevedo e Silva.

Azevedo é o segundo militar demitido no intervalo de apenas duas semanas. Antes, o general da ativa Eduardo Pazuello foi trocado pelo médico Marcelo Queiroga no MInistério da Saúde.

Auxiliares de Azevedo dizem que havia insatisfação do general com declarações de Bolsonaro a respeito das Forças Armadas e uma avaliação de que ele tentava tratar o Exército como uma instituição a serviço do governo dele e não um instrumento de estado.

É por isso, avaliam fardados, que Azevedo fez questão de frisar na nota em que confirmou sua demissão que no período ele preservou “as Forças Armadas como instituições de estado”.

A demissão do general pegou de surpresa generais que integram o alto comando do Exército. Alguns deles ligavam a TV sintonizados em canais de notícias para entender o que estava ocorrendo.

No STF (Supremo Tribunal Federal), a demissão de Azevedo foi vista com preocupação. Antes de assumir o ministério, o general era assessor do então presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli. Na época, ele estabeleceu boa relação com os ministros e manteve contato com eles depois de ir para o governo.