2 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Esportes

Investigação aponta manipulação de resultados em partidas da Série A do Brasileirão

Batizada de Penalidade Máxima, Operação do Ministério Público de Goiás, iniciada em fevereiro, avança após identificar indícios de fraudes em outros seis Estados

Alvo da investigação, Victor Ramos atuou no CRB em 2021

Por Dyego Barros

Iniciada em fevereiro, no Estado de Goiás, a Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público goiano, avançou para outras 16 cidades do país, após identificar indícios de manipulação de resultados em partidas da Série A do Brasileirão, no ano de 2022.

Nesta terça-feira (18), o MP-GO, em parceria com autoridades de outras localidades, deflagrou uma nova etapa da operação para cumprir três mandados de prisão preventiva e outros vinte de busca e apreensão.

Na mira da investigação, os atletas Victor Ramos, da Chapecoense, Igor Cariús, do Sport, Kevin Lomónaco, do RB Bragantino e Gabriel Totá, do Ypiranga-RS, tiveram os nomes expostos. Outros jogadores, que também integrariam o esquema, seguem sob anonimato.

Segundo o MP-GO, jogos dos campeonatos estaduais de Goiás, Rio Grande do Sul, Matro Grosso e São Paulo também são algo de investigação – não divulgadas, todas as partidas teriam ocorrido no ano passado.

Ainda de acordo com o Ministério Público, o grupo criminoso atraia os alvos com ofertas que variavam entre R$ 50 e R$ 100 mil. Para receber os valores, os atletas precisavam forçar cartões, provocar um determinado número de escanteios e até mesmo influenciar, diretamente, nos resultados dos eventos. A partir do ‘trato’, apostadores obtinham lucro investindo alto nas casas de apostas.

Defesa de ex-zagueiro do CRB nega acusação 

Procurada por jornalistas do Grupo Globo, a defesa de Victor Ramos se pronunciou, negando qualquer envolvimento do zagueiro no caso. A Chapecoense, por sua vez, afirmou, por meio de nota, “confiar na integridade profissional do atleta”. Com passagens por Palmeiras, Vasco e CRB, o veterano é o mais conhecido dentre os boleiros estampados nas manchetes.

Confira a nota do MP-GO sobre a investigação:

O Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), deflagrou na manhã de hoje (18/04) a Operação Penalidade Máxima II, visando a obtenção de novos vestígios da atuação de organização criminosa com atuação especializada na manipulação de resultados esportivos de jogos de futebol profissional – inclusive do Brasileirão Série A.

Há suspeitas de que o grupo criminoso tenha concretamente atuado em pelo menos 5 jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022, bem como em 5 partidas de Campeonatos Estaduais, entre eles, os campeonatos Goiano, Gaúcho, Mato-Grossense e Paulista, todos deste ano.

Estão sendo cumpridos 3 mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão em 16 municípios de 6 estados, expedidos pela 2ª Vara Estadual dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e Lavagem ou Ocultação de Bens Direitos e Valores.

Os mandados estão sendo cumpridos em Goianira (GO), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Pelotas (RS), Santa Maria (RS), Erechim (RS), Chapecó (SC), Tubarão (SC), Bragança Paulista (SP), Guarulhos (SP), Santo André (SP), Santana do Parnaíba (SP), Santos (SP), Taubaté (SP) e Presidente Venceslau (SP).

Os Gaecos dos estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, o Cyber Gaeco do MP de São Paulo e do Centro de Inteligência do MP do Rio de Janeiro, além das polícias Militar, Civil e Penal de Goiás, dão apoio ao cumprimento das diligências.

Trata-se de desdobramento da Operação Penalidade Máxima, deflagrada em fevereiro de 2023 a qual resultou no oferecimento de denúncia, já recebida pelo Poder Judiciário, com imputação dos crimes de integrar organização criminosa e corrupção em âmbito desportivo.