19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Lula compareceu ao velório do neto sob escolta de policiais armados

Ex-presidente desestimulou atos políticos no velório, por receio de que sua saída temporária fosse rejeitada

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou às 11h, deste sábado, ao cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, para acompanhar o velório do neto Arthur, 7, que morreu após complicações de uma meningite meningocócica.

Policiais federais com armas de grosso calibre fizeram a escolta. Apesar disso, o clima foi marcado por forte comoção, onde militantes rezaram o “Pai Nosso” e aplaudiram o ex-presidente. Eles tiveram acesso ao velório, mas, pouco antes da chegada de Lula, o local teve as portas fechadas. A cerimônia de cremação aconteceu às 12h.

Antes da restrição, alguns militantes chegaram a gritar para a PF ir atrás de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL) investigado por movimentação atípica em sua conta, e das suspeitas de candidaturas de laranjas do partido de Jair Bolsonaro.

Para evitar confusão, um policial federal afirmou a um segurança do PT “se houver baderna, vamos embora e acabou”. O segurança imediatamente gritou a outros seguranças: “ninguém entra!”. Agentes autorizaram, contudo, uma mãe a entrar no velório com cinco amigos de escola de Arthur.

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), entre outros amigos e familiares, prestam solidariedade à família de Lula no cemitério. Guilherme Boulos (PSOL), que disputou a Presidência no ano passado, disse, ao chegar, que aqueles que criticaram a soltura provisória de Lula são mau caráter.

O deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ex-presidente nacional do PT, disse, antes de entrar no cemitério, que “pegaria muito mal” se a Justiça proibisse Lula de participar do velório do neto. O próprio ex-presidente desestimulou atos políticos no velório, por receio de que sua saída temporária fosse rejeitada.

O ex-presidente saiu Curitiba em avião que decolou às 7h20. Antes, sem algemas Lula deixou a carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba às 7h e seguiu em um helicóptero da Polícia Civil para o aeroporto, sob forte esquema de segurança.

Ele foi autorizado pela Justiça Federal a deixar a prisão, ao contrário do que acontecera com seu irmão, falecido no final de janeiro. A autorização para se despedir do irmão só foi confirmada pelo STF 15 minutos após o enterro.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou à carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba, após ficar cerca de duas horas no cemitério, ao lado de amigos e da família.

Emocionado

O ex-presidente chorou aos soluços quando foi informado pelo chefe da custódia da morte de Arthur. Ele repetia que a morte da criança contrariava a lógica da vida. Aliados avaliam que este é o golpe mais duro já sofrido por ele desde a prisão.

A informação da morte de Arthur Araújo Lula da Silva, 7 anos, foi confirmada pelo Hospital Bartira, do grupo D’Or, em Santo André, Grande São Paulo.

“O Hospital Bartira informa que o paciente Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, veio a óbito às 12h11, devido ao agravamento do quadro infeccioso de meningite meningocócica. O paciente havia dado entrada às 7h20 desta manhã com quadro instável” Nota do Hospital Bartira.

Ele ficou tão abalado que a direção da carceragem da PF permitiu a entrada de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, na cela. Lula também foi autorizado a falar com os advogados.

O próprio Lula pediu que o PT desestimulasse atos políticos no velório do neto, como acontecera no velório de seu irmão. Arthur era muito próximo do avô e chegou a morar com o petista por um período e foi visitá-lo na cadeia por duas vezes.

Irmão

Em 30 de janeiro deste ano, chegou tarde demais a autorização para que ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse a São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, onde fora enterrado o irmão Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá.

“Lula não perdeu o enterro. Foi impedido de ir”, disse o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. Apenas 15 minutos antes do enterro o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli autorizou Lula a se encontrar com familiares.

Lula já havia perdido o velório, que começou às 18h da última terça (29), e segundo Toffoli, teria “o direito de se encontrar exclusivamente com os seus familiares, na data de hoje, em Unidade Militar na Região, inclusive com a possibilidade do corpo ser levado à referida unidade militar, a critério da família”.

O presidente em exercício Hamilton Mourão disse nesta terça-feira (29) que via com naturalidade a possibilidade da saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão para acompanhar o enterro do irmão.

Para o general Mourão, trata-se de “uma questão humanitária. A gente perder um irmão é sempre uma coisa triste. Eu já perdi o meu e sei como é. Se a Justiça considerar que está ok, não tem problema nenhum”, disse.