14 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

Lula diz em reunião que não tem clima para visitar Maceió com briga política

Presidente respondeu a convite feito pelo deputado Paulão e disse que vai convocar nova reunião com a participação da Braskem

Lula só vem a Alagoas quando as lideranças políticas estabelecerem a paz

O presidente Lula disse, na reunião em que pediu a paz aos políticos alagoanos, que “não tem clima” para visitar Maceió, enquanto a briga entre os grupos políticos do senador Renan Calheiros (MDB) e do deputado federal Arthur Lira (PP) estiver na ordem do dia.

Ele fez a declaração em resposta ao deputado Paulão (PT), líder da bancada federal, que destacou a necessidade de o Presidente da República ver in loco a gravidade do problema causado pela Braskem na capital alagoana.

“Enquanto houver desarmonia, Paulão, fica inviabilizada minha visita a Alagoas”, disse o presidente, após a fala do deputado do PT.

O deputado pediu ao presidente que tivesse um olhar diferenciado para os 6 mil pescadores e marisqueiras da Lagoa Mundaú, que agora foram proibidos de exercerem suas atividades, diante da inundação da mina 18, no Mutange. “É preciso desenvolver algum programa que possa garantir o sustento deles, presidente”, disse.

Paulão disse a Lula, durante a reunião, que o fundamental agora é garantir toda a assistência necessária às vitimas do crime ambiental, que perderam suas casas e tiveram suas vidas desestabilizadas.

Parque memorial

O deputado defendeu, no encontro, que o governo federal estude uma forma de garantir que as áreas atingidas não mais sejam propriedades da Braskem, mas que se transformem em um parque memorial ecológico em homenagem a todas as famílias que foram expulsas de suas casas. Paulão disse ao Presidente Lula que a Braskem ficou com as escrituras de todas as áreas e, no futuro, se compactar a área, poderá transformar os bairros atingidos em condomínios de luxo e entregá-los ao mercado.

Segundo ele, esse acordo da Prefeitura com a Braskem, que permitiu à empresa ser proprietária dos bairros atingidos não pode prevalecer. “O crime de que estamos falando é o maior do mundo neste campo e todos os envolvidos têm que ser chamados à responsabilidade”, pontou, em sua fala ao presidente, o líder da bancada.

Paulão fez o convite a Lula para visitar Maceió.

Ele ainda lembrou na reunião que nas áreas atingidas havia cerca três hospitais que atuavam no acolhimento de pacientes de saúde mental e que estes ficaram sem ter apoio, por que a Braskem não deu respostas às demandas desses equipamentos de saúde “e é fundamental que haja também uma atuação nesse campo”.

Paulão disse ainda ao presidente Lula que ele pode chamar à responsabilidade a Agência de Mineração Nacional que liberou a Braskem para fazer prospecção em minas em áreas dos municípios de Paripueira e Barra de Santo Antônio. “Se for levado a efeito, presidente, teremos o mesmo problema de Maceió nesses municípios e isso não pode acontecer”, destacou.

Por fim, o deputado protestou contra as autorizações dadas pela agência para  que a Petrobras passe a fazer perfuração para a prospecção de petróleo em áreas muito próximas aos campos minados da Braskem. Diante disso pediu ao presidente que cancelasse essas autorizações na própria Petrobrás.

Nova reunião

Depois de tudo, o Presidente da República disse que convocará uma nova reunião para fortalecer a tese do pacto pela governança e tentar resolver a crise que envolve os atores políticos e instituições alagoanas. Desta feita, segundo deixou claro, a reunião será com a participação dos dirigentes da Braskem e de toda bancada federal alagoana, além do governador Paulo Dantas (MDB) e do prefeito JHC (PL).