6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Lula sobre a Vaza Jato: “A verdade fica doente, mas não morre”

Conteúdo das mensagens confirmaria tese da defesa de julgamento na Lava Jato não foi parcial

Na manhã de hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos seus advogados estar surpreso com o grau de “promiscuidade” da relação entre os integrantes da operação Lava Jato e o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, após a divulgação de conversas pelo site The Intercept Brasil no último domingo.

Ele ratificou que já sabia do suposto conluio entre seus acusadores e seu julgador, mas ressaltou que não esperava que isso se tornaria público tão rapidamente.

O advogado José Roberto Batochio esteve com Lula por cerca de duas horas na carceragem da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR), onde o ex-presidente está preso desde abril de 2018 por conta de uma acusação de corrupção feita pela própria Lava Jato. O advogado Cristiano Zanin, que também defende o ex-presidente, participou da visita.

Zanin explicou que o teor das conversas deve ser usado por recursos que a defesa do ex-presidente apresentará à Justiça em busca de sua liberdade. Ele disse que a estratégia para apresentação desses recursos ainda está em discussão pela equipe que defende Lula.

Dois pesos

Para Zanin, o conteúdo das reportagens divulgadas pelo The Intercept confirma o que ele e outros advogados do ex-presidente vêm afirmando há anos.

“As reportagens reforçam que o ex-presidente não teve direito a um julgamento imparcial. O material mostra que o ex-juiz Sérgio Moro não atuou como um juiz equidistante. Atuou como um coordenador da acusação, que depois proferiu um veredicto que ele próprio ajudou a construir”. Cristiano Zanin, advogado de Lula.

Batochio afirmou que a Constituição Federal estabelece que nenhum julgamento é válido caso o juiz não seja imparcial. Ele afirmou que o STF (Supremo Tribunal Federal) é a Corte que deve zelar pelo cumprimento da Constituição e espera que o Supremo se pronuncie sobre o caso. Ao mesmo tempo, ele respondeu a Moro, que minimizou a importância dos diálogos.

“Moro disse que sempre recebeu advogados e tratou todo de forma igual. Eu mesmo não fui recebido por ele. Com os acusadores, o tratamento era muito diferente, não?”. José Roberto Batochio, advogado de Lula.