29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Marketeiro de Trump e conselheiro de Eduardo Bolsonaro é preso nos EUA

Steve Bannon desviou verbas para a construção de um muro na fronteira do México

Ex-conselheiro de Donald Trump na Casa Branca e um dos maiores gurus da direita atual – inclusive tendo prestado consultoria informal ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e apoiado a campanha presidencial de Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018, Steve Bannon foi preso hoje sob suspeita de fraude.

A Procuradoria de Nova York acusa Bannon e outras três pessoas,Andrew Badolato, Brian Kolfage e Timothy Shea, de enganarem doadores no esquema de arrecadação de fundos online “We Build The Wall (“Nós Construímos o Muro”).

A motivação da campanha – que juntou mais de US$ 25 milhões (cerca de R$ 140 milhões) – seria arrecadar dinheiro para construir um muro na fronteira com o México, mas os acusados teriam usado os recursos para uso pessoal.

De acordo com a acusação, Bannon prometeu que 100% do dinheiro doado seria usado para o projeto, mas os réus usaram coletivamente centenas de milhares de dólares de uma maneira inconsistente com as representações públicas da organização.

De acordo com a acusação, Kolfage ficou com US$ 350 mil dólares para financiar seu “luxuoso estilo de vida”, e Bannon desviou US$ 1 milhão para uma organização sem fins lucrativos que pagou secretamente a Kolfage “e cobriu centenas de milhares de dólares de gastos pessoais de Bannon”.

Os quatro detidos foram acusados de dois crimes: fraude bancária e conspiração para lavagem de dinheiro. Cada delito pode resultar em uma pena máxima de 20 anos de prisão.

Fake News e Eduardo Bolsonaro

Steve Bannon comandava o site conservador Breitbart, cujo conteúdo dissemina informações duvidosas ou até mesmo falsas, e no segundo semestre de 2016 foi escolhido para liderar a reta final da campanha presidencial de Donald Trump, também acusada de promover fake news. Vencida a eleição, ele passou a ocupar um cargo importante de estratégia na Casa Branca, mas lá ficou por menos de um ano.

Bannon é considerado um dos ‘gurus’ da direita no mundo. Ao longo dos últimos anos, ele fortaleceu laços com a extrema-direita europeia, como o italiano Matteo Salvini e a francesa Marine Le Pen, e se aproximou da família Bolsonaro.

Em outubro de 2018, Bannon declarou publicamente seu apoio a Jair Bolsonaro na campanha presidencial. “O capitão Bolsonaro é um brasileiro patriota e, acredito, um grande líder para seu país nesse momento histórico”, disse ele à época, em mensagem enviada à agência Reuters. À BBC, afirmou que o então candidato era “brilhante”.

A relação com a família Bolsonaro já havia começado antes, porém. Em agosto daquele ano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro esteve nos Estados Unidos e se reuniu com Bannon. “Conversamos e concluímos ter a mesma visão de mundo”, escreveu Eduardo na ocasião, postando uma foto com o americano.

Bannon é um guru do bolsonarismo muito mais importante do que o escritor de extrema direita Olavo de Carvalho, uma figura algo escatológica que tem perdido peso nos rumos do governo brasileiro. A campanha de 2018 que alçou Bolsonaro ao poder foi inspirada na estratégia elaborada para eleger Trump dois anos antes.