20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Miliciano suspeito de envolvimento na morte de Marielle e Anderson será transferido para um presídio de segurança máxima

O ex-PM Orlando Araújo nega qualquer participação no crime, que após dois meses ainda não há um culpado.

Conhecido por “Orlando de Curicica”, o ex-pm Orlando Oliveira Araújo, apontado por ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, será transferido para um presídio federal de segurança máxima.

A decisão é da 5ª Vara Criminal da Capital. No parecer foi também definido a continuidade do ex-PM no presídio Bangu 1 até que seja determinado para qual unidade ele será transferido. A defesa de Araújo, o advogado Renato, explicou que pediu a transferência porque seu cliente já sofreu uma tentativa de envenenamento e se encontra em greve de fome. Orlando nega participação no assassinato de Marielle Franco.

A carta:

“Eu, Orlando Oliveira de Araújo, venho por meio desta esclarecer sobre os fatos que estão sendo veiculados na imprensa sobre o assassinato da vereadora Marielle e de seu motorista Anderson, que não tenho qualquer envolvimento nesse crime bárbaro”, diz o texto.

A carta afirma ainda que Orlando está à disposição das autoridades. Ele ataca o delator, identificando-o, e diz que não “tem qualquer autoridade” por ser — o delator — miliciano.

“Informo também que nunca estive com o vereador (Marcello) Siciliano em nenhuma oportunidade”, diz ele, em alusão ao parlamentar, que, na delação, também encomendou a morte de Marielle.

“Por fim, com todo respeito à vereadora Marielle, eu nunca tinha ouvido falar dela”.

Mais cedo, o advogado já havia solicitado à Secretaria de Administração Penitenciária a transferência de seu cliente.  Segundo Renato Darlan, Araújo já sofreu uma tentativa de envenenamento e está em greve de fome há quatro dias.

O advogado esteve na Delegacia de Homicídios onde tentou, sem sucesso, ter acesso ao depoimento da testemunha que teria apontado Araújo e o vereador Marcello Siciliano (PHS) como mandantes do assassinato da vereadora. Ele contou que tampouco conseguiu falar com o delegado responsável pelo caso, Giniton Lages, que esteve em Bangu 1 na quinta-feira para conversar pessoalmente com Araújo.

“O Orlando está em greve de fome absoluta, está debilitado, nem sei como vou encontrá-lo”, explicou o advogado. Ainda segundo a defesa, as ações seriam uma espécie de tortura emocional, para que o ex-pm “fale coisas que não sabe.”

Na última sexta-feira, Darlan afirmou que a visita do delegado a seu cliente foi para pressioná-lo a confessar a participação na morte de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes. A Secretaria de Segurança confirmou que o delegado esteve em Bangu 1 e se encontrou com o ex-PM, mas disse que foi a pedido do preso. “Não haveria o menor sentido o Orlando chamar o delegado para conversar e fazer essa proposta louca de assumir um crime que não é dele”, garantiu a defesa.