O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro declarou no sábado (2) que o presidente Jair Bolsonaro desde março deste ano o pressionava a trocar o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. No cargo apenas desde novembro de 2019, o delegado Carlos Henrique Oliveira de Sousa estava com os dias contados para o presidente:
“Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”. Jair Bolsonaro, parafraseado por Sergio Moro em depoimento na PF.
O ex-juiz da Lava Jato disse que estava em Washington, em missão oficial com Maurício Valeixo, então diretor-geral da Polícia Federal, quando Bolsonaro o procurou pelo Whatsapp. E ele não teria explicado os motivos:
“Moro esclarece que não nomeou e não era consultado sobre as escolhas dos superintendentes; essa escolha cabia, exclusivamente, à Direção Geral da Polícia Federal; nem mesmo indicou o Superintendente da Polícia Federal do Paraná; os motivos para essa solicitação entende que devem ser indagados ao Presidente da República”. Moro, em depoimento na PF.
Cala a boca
Na manhã desta terça (5), o presidente Jair Bolsonaro negou que tenha ‘pedido a cabeça’ do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Só que ao rebater a afirmação da Folha de S.Paulo, atacou a imprensa.
Na saída do Palácio da Alvorada, ele não respondeu perguntas, gritou, fez seus apoiadores se inflamarem e mandou jornalistas calarem a boca.