O ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu hoje ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a instauração de um inquérito para apurar o depoimento que cita o presidente Jair Bolsonaro (PSL) na investigação sobre a morte da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
O ministro sugere que Bolsonaro seria “vítima” de falso testemunho ou denunciação caluniosa e fala em inconsistência na investigação. No ofício, Moro aponta que a investigação teve obstrução de Justiça, com “a introdução de testemunha que fraudulentamente apontou falsos suspeitos para o crime”.
O ministro também afirmou que o “Presidente da República, então deputado federal, estava em Brasília, tendo registrado a sua presença em duas votações no Plenário da Câmara dos Deputados, com o que não poderia ter sido visitado na mesma data no Rio de Janeiro por referida pessoa”.
Para Moro, Bolsonaro pode ter sido alvo de “falso testemunho ou denunciação caluniosa”, e o porteiro pode ter sido “utilizado inconscientemente por terceiros” para envolver indevidamente o presidente no caso. Ontem, em live pelo Facebook, Bolsonaro já havia dito achar que o funcionário do condomínio teria assinado o depoimento sem assinar.
Denúncia
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi mencionado, nominalmente, no caso dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL), do Rio de Janeiro, e do motorista dela, Anderson Gomes, ocorridos em 14 de março de 2018.
O porteiro do condomínio onde morava Bolsonaro à época disse em depoimento que alguém com a voz dele autorizou a entrada de um dos suspeitos da morte da vereadora no dia do crime. Bolsonaro, no entanto, neste dia estava na Câmara dos Deputados, segundo registro de presença da Casa consultado pela reportagem da Globo.
Segundo matéria do Jornal Nacional, só a simples citação ao nome do presidente, pode levar o caso a ser investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), devido ao foro por prerrogativa de função.