2 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Novo ministro da Defesa diz que golpe de 1964 deve ser ‘celebrado’

Braga Neto afirma que ‘movimento’ deve ser entendido no contexto da época

Nesta quarta (31), o golpe militar de 31 de março de 1964 completa 57 anos. E em um momento turbulento no Governo Brasileiro, com pandemia matando milhares todos os dias e uma dança das cadeiras nas Forças Armadas, promovida pelo presidente Jair Bolsonaro, o fantasma da ditadura volta a bater à porta.

O novo ministro da Defesa, general Walter Souza Braga Neto, assinou nesta terça (30) uma “ordem alusiva ao 31 de março de 1964” em que diz que acontecimentos como o golpe militar ocorrido há 57 anos, que chama de “movimento”, devem ser “compreendidos e celebrados”.

Ele foi nomeado para a pasta por Bolsonaro, para substituir o general Fernando Azevedo e Silva, que foi demitido. Mudança que gerou uma crise: os três comandantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) também pediram demissão, incomodados com a tentativa do presidente da República de alinhar os militares a projetos de seu governo.

No texto, Braga Netto afirma que “eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época”.

Confira na íntegra:

“Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época.
O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência.

A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.

Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.

As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.

Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.

O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.

A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.

O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.

WALTER SOUZA BRAGA NETTO
Ministro de Estado da Defesa