12 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Olavo quer impeachment de Mourão, que apenas ri do guru do presidente

De bom humor, vice diz não se preocupar com o que acha do planejado pelo filósofo de Bolsonaro

O guru de Jair Bolsonaro, o astrólogo, Olavo de Carvalho, hoje praticamente o dono do governo do Brasil, está propondo o impeachment do general Mourão, vice-Presidente da República.

Foi ele que teria incentivado o deputado federal, Marcos Feliciano (Podemos-SP) a apresentar o pedido de impeachment na Câmara. Feliciano é o mais novo seguidor das ideias políticas do “guru”.

O próprio Feliciano disse ter pedido o impeachment por que “Mourão está conspirando contra Bolsonaro” e teria tomado a atitude de protocolar o pedido de impeachment após Mourão curtir um tuíte da jornalista Rachel Sheherazade em que dizia:

“Palestra do general Mourão em Harvard. Finalmente um representante do governo não nos causa vergonha alheia. Muito pelo contrário: o vice mostrou como ele e o presidente são diferentes: um é o vinho, o outro vinagre. Parabéns pela lucidez, general Mourão!”. Twitter de Rachel Sheherazade curtido por Mourão.

O vice-presidente preferiu não comentar o pedido de impeachment protocolado por um dos vice-líderes do governo no Congresso. No entanto, em seguida, de bom humor, disse não estar preocupado:

“Ok. Sem comentários. Sem comentários. Isso aí é bobagem. Se prosperar, eu volto para praia. Eu estou tranquilo” Mourão, vice-presidente.

Nos Estados Unidos, durante viagem do presidente Bolsonaro em março, Olavo chamou o vice-presidente Hamilton Mourão de “um cara idiota” e “traidor do governo”.

Filósofo do presidente

Filósofo de baixa categoria no YouTube (sem pleonasmo, pois uma coisa não anula a outra), Olavo de Carvalho, um dos gurus de Bolsonaro, tornou-se notório em 2005 ao agradar aqueles que, hoje, são seguidores de Bolsonaro. Suas “aulas” iam de filosofia a esoterismo, literatura, história até religião comparada.

Ele mora nos Estados Unidos e não coloca os pés no Brasil, já emplacou duas indicações de Jair Bolsonaro: Ernesto Araújo nas Relações Exteriores e o colombiano Ricardo Vélez, então na Educação. Um considera o PT de “Partido Terrorista” e acha que a esquerda quer impedir o nascimento de Jesus. O outro acha que a ditadura deve ser comemorada e é contra uma suposta “doutrinação cientificista” – e já caiu.

Beato, ele já disse que a Pepsi é adoçada por células de fetos humanos e que o petróleo não é um combustível fóssil. Já acusou o governo dos Estados Unidos e a família real inglesa de trabalhar em prol da islamização mundial. E o mais assustador de tudo é que Bolsonaro o considera uma boa fonte de informações, livre de fake news:

Formador de opinião, que de forma trágica ajudou a colocar Bolsonaro na presidência e ideologia de “nova era”, Carvalho tem ideias e teorias perigosas, que colocam em risco, sem exagero, a inteligência nacional.

“No fim do século passado, uma dupla de cientistas, Mitchelson e Morley, disse o seguinte: se de fato a Terra se move ao redor do Sol, então deve haver diferenças na velocidade da luz em vários pontos da Terra conforme as várias estações do ano. E eles mediram isso milhares e milhares de vezes e viram que não mudava nada. Então, das duas, uma. Ou a Terra não se move ou é preciso modificar a física inteira”. Filósofo Olavo de Carvalho.

Este homem é de maneira séria ouvida pelo presidente e pelo ministro. E isso é deprimente.

Cotado para Educação

Olavo de Carvalho chegou a dizer que o único posto que aceitaria no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), seria o de embaixador brasileiro em Washington, para “fazer dinheiro” para o Brasil.

Segundo Carvalho, antes de Bolsonaro ser eleito, o candidato do PSL tinha oferecido a ele os ministérios da Educação e da Cultura. Mas o escritor decidiu não aceitar por não conhecer o funcionamento, a estrutura e os funcionários das pastas.

“Eu conheço meus limites, não tenho uma grande capacidade administrativa de nada. Eu sei o que tem que fazer, mas não consigo ficar pensando nisso todo dia.” Olavo de Carvalho.

No entanto, acrescentou, se fosse convidado para assumir a Embaixada do Brasil em Washington, aceitaria, porque é uma responsabilidade que saberia cumprir e que “oferece a oportunidade de fazer algo real pelo Brasil sem ter que passar pelo filtro de resistência petista.”

“O que o Brasil mais precisaria é de dinheiro. E, como embaixador nos EUA, eu saberia fazer dinheiro. Eu peguei alguma prática desse negócio de comércio internacional no tempo em que morei na Romênia. Como embaixador, teria autoridade total sobre os brasileiros locais e poderia mandar embora qualquer um, pode mandar prender qualquer um. É um reizinho”. Olavo de Carvalho.