25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

PF exibe para Moro, STF e PGR vídeo com supostas “ameaças” de Bolsonaro

Acusações contra o ex-presidente foram feitas pelo ex-juiz na coletiva para anunciar sua saída do governo e repetidas em depoimento à PF

A Polícia Federal exibir nesta manhã, de forma reservada, o vídeo da reunião ministerial na qual o presidente Jair Bolsonaro teria ameaçado demitir o então ministro da Justiça Sergio Moro caso não fossem feitas trocas em postos de comando da PF.

Além da equipe responsável pelo inquérito, deverão comparecer à exibição no Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília:

  • O ex-ministro Sergio Moro, acompanhado de seus advogados
  • Os três procuradores da República indicados por Augusto Aras para acompanhar as investigações: João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita
  • O advogado-geral da União, José Levi.
  • O juiz auxiliar Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho, do gabinete do ministro Celso de Mello.

As acusações contra Bolsonaro foram feitas por Moro em entrevista coletiva para anunciar sua saída do governo e repetidas em depoimento à PF (Polícia Federal) no inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Em seu depoimento, Moro disse que Bolsonaro pressionou pela troca do comando da PF no Rio de Janeiro e do diretor-geral da instituição durante reunião ministerial realizada no Palácio do Planalto no último dia 22. O ministro do STF, Celso de Mello, relator do inquérito, determinou que o governo entregasse o vídeo com a gravação.

O conhecimento sobre o teor da reunião será importante para:

  • Definir se o vídeo, ou quais trechos da gravação, deve permanecer em sigilo e quais trechos poderão ser utilizados na investigação
  • Orientar os investigadores nos depoimentos de testemunhas ouvidas na investigação.

A AGU, que representa o presidente Bolsonaro no inquérito, afirmou ao STF que a reunião do dia 22 tratou de temas “potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de Relações Exteriores” e, por isso, chegou a pedir que fosse enviado ao Supremo apenas trecho da gravação, o que não foi atendido. A gravação foi encaminhada na íntegra, segundo o Planalto.

Além das acusações de Moro contra o presidente, a divulgação do que foi dito na reunião tem potencial para causar constrangimento ao governo Bolsonaro. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, xingou os 11 ministros do STF durante o encontro — no qual a China, importante parceira comercial do Brasil, também teria sido atacada.