28 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
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Poder perigoso: Matador de Marielle queria faturar R$ 100 milhões

É o perigo do poder onde o ser humano com dignidade e ética não passa de um detalhe desinteressante

No mundo torto atual, onde as deformações de caráter e a bizarrice fazem o estilo de ser de uma gente de ego extremista, viver de forma serena e longe da histeria costumeira chega a ser perigoso.

Ser ético e respeitar os direitos dos semelhantes é, para a modernidade de então, ser antiquado, démodé e saudosista da tranquilidade  sonhada desde os primeiros passos.

O perigo, portanto, é o poder que, via de regra, atrai os piores e corrompe os melhores.

Aliás, nesse terreno, segundo Mia Couto, o poder político é uma panela para uns. “É preciso comer muito rápido porque a colher é disputada e a refeição pode durar pouco. Para outros, a política ainda é a nobre arte de servir os outros; ainda é a missão de colocar acima de tudo os interesses de todos.”

O pertencimento neste último caso é de uma minoria que ainda valoriza as utopias. Que faz do sonho uma forma de luta coletiva para não ser chutada de vez desse meio cada dia mais turvo.

Basta perceber que o miliciano Ronnie Lessa, matador confesso da ex-vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e do motorista Anderson Santos, negociou a realização do bárbaro crime por R$ 100 milhões. Melhor repetir: R$ 100 milhões, segundo declaração dele mesmo.

Como afirmou na Polícia Federal, ele seria sócio de um empreendimento imobiliário ilegal dos irmãos Brazão, presos como mandantes do crime. Naturalmente, os ocupantes pobres da área seriam expulsos pelos milicianos a serviços dos “empreendedores”. Eis que Marielle foi caçada e morta por ser contra a atitude criminosa dos senhores tidos “como homens de bem” da cena carioca.

A degradação moral no meio político não é uma exclusividade do Rio de Janeiro. Aqui, no litoral das Alagoas, há casos e casos de conhecimento das autoridades de grupos que usam suas milicias para dominarem terrenos de áreas de marinha e assim construírem seus mega empreendimentos, após a expulsão dos nativos.

Há também muita gente ameaçada por essa gente nociva, mas valorizada como de bem, de família, defensora da ordem, da lei “e dos bons costumes”.

Eis, portanto, o perigo do poder onde o ser humano fora dele não passa de um detalhe desinteressante.

E, nesse meio, os políticos fazem selfie sorridentes em todo lugar e, inclusive, à beira mar.

Quando não estão carregando charolas de santos.