Uma notícia importante para o Jornalismo alagoano foi divulgada, ontem, pela Secretaria de Comunicação Social do Governo de Alagoas. Ainda este ano, o jornalista e escritor alagoano Audálio Dantas (88 anos), falecido no último dia 30 de maio, vai receber homenagem póstuma, com a criação de um prêmio estadual de Jornalismo em seu nome.
Pela manhã, o governador Renan Filho, recebeu a família de Dantas no Palácio dos Martírios, onde a ideia do prêmio foi discutida, com a presença do secretário de Estado da Comunicação, jornalista Enio Lins. Para a jornalista Juliana Kunc Dantas, filha do jornalista alagoano, a criação de prêmios desse tipo incentiva a prática do bom jornalismo, privilegiando as grandes reportagens, cada vez mais escassas, sobretudo, nas áreas sociais e de direitos humanos. A ideia do governador é lançar o prêmio nos segundo semestre deste ano, no município Tanque d’Arca, quando será realizada uma feira literária em homenagem a Dantas.
E por falar em Tanque D’Arca, antes do encontro no Palácio dos Martírios, Juliana, sua mãe, a jornalista Vanira Kunc (com quem Dantas viveu de 1986 até sua morte), e sua irmã, Mariana Kunc Dantas estiveram naquele município para receber o Título de Cidadão Honorário de Tanque d’Arca. Essa homenagem Dantas não pode receber, em vida, devido ao agravamento de seu estado de saúde, mas já havia sido aprovada pela Câmara local. Lá também foi inaugurado um Espaço Literário que recebe o nome do jornalista.
Toda essa movimentação em Tanque D’Arca é compreensível pelo fato de o jornalista ter nascido naquela cidade, embora tenha sido registrado em Maceió, como conta a viúva Vanira. Daí porque a Câmara Municipal daquele município se mobilizou para concessão do título a Dantas. Devido a essa relação de amor que o jornalista nutria por sua cidade natal, a família decidiu deixar as cinzas do jornalista na nascente do rio São Miguel, fato ocorrido na sexta-feira, numa cerimônia privada.
Audálio Dantas é considerado um dos maiores jornalistas do país, referência na luta pelos direitos humanos, tendo sido o primeiro presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) eleito por voto direto. Em 1981, recebeu o Prêmio de Defesa dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Foi também presidente da Comissão Nacional da Memória, Justiça e Verdade dos Jornalistas Brasileiros. Até porque, denunciou a tortura e o assassinato de seu colega jornalista Vladimir Herzog em 1975. À época, ele era presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. Suas denúncias contrariavam a versão oficial do governo militar sobre a morte de Herzog. As forças repressoras falavam em suicídio. Foi também deputado federal em 1978, considerado um dos mais influentes do país.
Profissionalmente, Dantas atuou em quase todos os principais veículos de jornalismo de sua época, a exemplo das revistas Realidade, O Cruzeiro, Quatro Rodas e VejaSP. Em 2008, recebeu o título de Cidadão Paulistano pela Câmara Municipal de São Paulo. Foi agraciado com o prêmio Intelectu
al do Ano (Troféu Juca Pato) em 2013 e vencedor do Prêmio Jabuti de 2016, por conta do livro “As duas guerras de Vlado Herzog”. Livro que resultou do mergulho de Dantas as suas memórias e da apuração rigorosa de fatos que antecederam e sucederam o assassinato der Herzog, no auge da ditadura militar. Além dessa obra, Dantas escreveu inúmeras outras e havia mais projetos engatilhados, que, com certeza, devem ainda ser lançados pela família.
Ano passado, recebeu o Prêmio Averroes , uma iniciativa do Hospital Premier, para valorização da trajetória e do pioneirismo de grandes personalidades brasileiras. O referido hospital, voltado a cuidados paliativos, segundo a viúva de Dantas, o acolheu prestando toda a assistência necessária e também realizando uma série de almoços em homenagens ao jornalista alagoano.
(*) Por Graça Carvalho, com informações da Secom/AL