A lua de mel está acabando. E pelo visto, o governador Renan Filho (PMDB), que se elegeu com apoio de partidos ligados à classe trabalhadora, não está conseguindo manter a relação harmoniosa com os servidores públicos estaduais. O prazo de 100 dias para “arrumar a casa” esgotou; os ajustes doeram em algumas categorias, mais foram feitos com a complacência de todos.
Porém, depois de fechar torneiras, revisar contratos, ensaiar arrocho e anunciar ajuste fiscal, o governo não consegue fechar a negociação salarial com os trabalhadores, em pontos básicos, como a reposição da inflação pelo IPCA. A data base, no mês de maio, já se foi, e da pauta de reivindicações entregue em fevereiro, ao governo, pouco ou nada foi acordado até o momento.
Agora, prestes a completar seis meses, no dia 1º de julho, o governo Renan experimenta, pela primeira vez, uma espécie de inferno astral na sua relação com os servidores. Já recebeu vaias em suas aparições públicas e está tendo que lidar, quase que diariamente, com passeatas, acampamentos e outras formas de protestos, que aumentam a cada dia.
Policiais civis e agentes penitenciários, duas categorias que integram umas das áreas mais nevrálgicas do governo – a Segurança Pública – estão em greve. Excluída das negociações e das projeções de reajuste feitas pelo governo, policiais militares também ameaçam aquartelamento.
E as outras categorias que integram o Movimento Unificado, incluindo a Educação, já disseram não aos minguados 5% oferecidos pelo governo – em suaves prestações – e deram sinais de que podem parar o Estado a qualquer momento.
De um lado e do outro, os sintomas são de que a negociação chegou àquele ponto limite, em que a corda pode arrebentar a qualquer momento.
A ameaça de greve geral é iminente. E isso gera enormes prejuízos para a sociedade, que quer e precisa do funcionamento dos serviços públicos.
Mas o governo não fica imune. Não se pode subestimar o desgaste político que uma greve pode trazer.
É dele – de Sua Excelência o governador – que a sociedade vai cobrar.