20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Privatização da Eletrobras foi ‘bandidagem maquiavélica’ e será questionada, afirma Lula

Empresa que fez auditoria de Lojas Americanas é a mesma que recomendou privatização da Eletrobrás

Foto: Marcelo Camargo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse hoje (7) que a AGU (Advocacia-Geral da União) questionará contrato de privatização da Eletrobras, a qual classificou como “bandidagem”, “irracional” e “maquiavélica”.

Esta não é a primeira vez que o mandatário critica a desestatização, oficializada no ano passado, pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas, desta vez, ele disse que o governo buscaria rever as regras a que a União ficou submetida.

A Eletrobras registrava lucros líquidos anuais desde 2018 – em 2022, a empresa anunciou lucro líquido de R$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre. PwC (Price Waterhouse Coopers), empresa que fez auditoria de Lojas Americanas, foi a mesma que recomendou privatização da Eletrobrás.

Após a privatização avalizada pela PwC, a ex-estatal saiu de uma condição de apresentar lucros de quase R$ 1 bilhão no último balanço anterior à privatização, no primeiro trimestre de 2022, para um prejuízo de R$ 88 mil dois trimestres adiante. Além disso, a dívida líquida da empresa também cresceu 75%.

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“O governo tem 40% das ações da Eletrobras, e o governo só pode participar na direção como se tivesse 10%. Se amanhã o governo tiver interesse de comprar as ações, as ações para o governo valem três vezes mais do que o valor normal para outro candidato. Ou seja, foi feito quase que uma bandidagem para que o governo não volte a adquirir maioria”.

Com isso em mente, Lula disse que “possivelmente” o advogado-geral da União,Jorge Messias, vai entrar na Justiça pensando na possibilidade de rever o contrato, chamado por ele de “leonino contra o governo”.

“Porque é contra o governo. Tanto na participação acionária nós queremos ter mais gente na direção, mais gente no conselho, quanto esse negócio de que você não pode comprar porque você vai pagar três vezes mais caro. Isso é uma coisa irracional, maquiavélica, que não podemos aceitar”.

As declarações foram dadas em coletiva com jornalistas e YouTubers.

O mandatário não disse, contudo, como seria essa ação, nem quando ela seria impetrada. Em meio às críticas, ele disse ainda que os diretores da empresa aumentaram seus salários de R$ 60 mil para R$ 360 mil e que um conselheiro recebe R$ 200 mil. “Ou seja, isso é privatizar para quê?”

A declaração foi dada durante café da manhã com veículos de comunicação e blogs alternativos alinhados à esquerda, ocorrido no Palácio do Planalto. Em 12 de janeiro, ele já havia realizado um primeiro encontro com a imprensa.