3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

Renan Calheiros e Filho criticam Bolsonaro por vetar Nise como “heroína da Pátria”

Nos anos 40, Nise da Silveira rebelou-se contra os métodos manicomiais como o eletrochoque, a lobotomia e o confinamento

O ex-governador de Alagoas e pré-candidato ao Senado, Renan Filho, e seu pai, o senador Renan Calheiros, ambos do MDB, criticaram o veto de Jair Bolsonaro ao projeto de lei que inscreve a psiquiatra Nise da Silveira no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Usando de ideologia, o presidente argumentou seu veto dizendo que a psiquiatra alagoana foi “inspirada por ideais dissonantes das projeções do Estado democrático”. O que motivou críticas de Renan Filho.

Já o senador Renan lembrou que criou, no Senado, um prêmio que leva o nome de Nise e ressaltou que ela é um orgulho de Alagoas e da psiquiatria mundial.

Veto

O presidente Jair Bolsonaro vetou todo o projeto de lei que inscreve a psiquiatra Nise da Silveira no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

O veto à proposta foi publicado na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (25), e poderá ser mantido ou rejeitado pelo Congresso.

Alagoana de Maceió, Nise da Silveira é pioneira da terapia ocupacional e mudou os rumos dos tratamentos psiquiátricos no Brasil. Naquela época, os tratamentos eram conduzidos em geral por meio de isolamento em hospícios.

Ela também ganhou projeção internacional, tendo seu trabalho reconhecido por outros psiquiatras mundo afora, como o suíço Carl Gustav Jung.

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria está depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, e destina-se ao registro perpétuo do nome dos brasileiros e brasileiras ou de grupos de brasileiros que tenham oferecido a vida ao país, para sua defesa e construção, com “excepcional dedicação e heroísmo”.

Na justificativa do presidente Bolsonaro para vetar o projeto, ele ressalta que deve-se priorizar o reconhecimento a personalidades da história do país em âmbito nacional, “desde que a homenagem não seja inspirada por ideais dissonantes das projeções do Estado democrático”, afirmou.

Trajetória 

Na década de 1940, Nise rebelou-se contra os métodos manicomiais então aplicados a pacientes com transtornos mentais, como o eletrochoque, a lobotomia e o confinamento, entre outros.

Punida, médica foi transferida para a área de terapia ocupacional, onde encontrou lá o espaço necessário para desenvolver um modelo humanizado de tratamento para os transtornos mentais.

Uma das terapias desenvolvidas por Nise foi a expressão dos sentimentos por meio das artes, especialmente da pintura, mas também da música.

Muitas dessas obras estão hoje expostas no Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro. Esses trabalhos também já foram expostos no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

A Casa das Palmeiras, aberta por Nise em 1956 com foco em reabilitar sem internação, também investiu no processo criativo e afetivo dos pacientes.