18 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

Renan Filho nega que tenha dito à ‘Isto É’ que demitiria policiais que protestassem no 7 de Setembro

Governador disse no entanto ser claro o risco de golpe, mas que Bolsonaro não terá sucesso na empreitada, por causa da baixa popularidade

O governador de Alagoas, Renan Filho. Foto: Felipe Brasil

Em entrevista à Revista Isto É, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) demonstrou apreensão com as ameaças golpistas manifestadas por Bolsonaro e seus apoiadores.

A situação escalou ainda mais com o estímulo de participação de policiais militares dos Estados a participarem dos atos pró-governo marcados para este Sete de Setembro.

A Revista chegou a afirmar que o governador puniria com demissão todo policial do seu estado que participar das manifestações. Entretanto, há pouco, em suas redes sociais, ele corrigiu a revista, dizendo nunca ter falado isso.

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Confira a segui as aspas do governador sobre a participação de PMs:

“Espero que os policiais militares não se envolvam nessas questões políticas. Trata-se de uma força policial eminentemente de Estado. Isso atrapalha a própria instituição. É um equívoco do presidente essa postura de cooptar as PMs. Em Alagoas, já abrimos alguns procedimentos administrativos para impedir essa cumplicidade. A ideia é responsabilizar aqueles que venham a participar de manifestações políticas. Há procedimentos que resultarão desde a advertência ao policial, à demissão do servidor. Aqui em Alagoas não vamos permitir um posicionamento político dos policiais. Isso é o que estabelece a nossa Constituição”. Renan Filho, governador de Alagoas.

Sobre o risco de golpe, o governador disse ser claro sua existência. Mas acredita que Bolsonaro não vai ter sucesso na empreitada. Renan Filho enxerga baixa popularidade internamente e falta de apoio internacional.

“O Brasil não é uma república de bananas. O Brasil é um dos países mais importantes do planeta e não contará com solidariedade internacional para uma aventura dessa natureza. Todos os demais Poderes são contrários ao golpe. Os estados também são contra. É por isso que Bolsonaro tenta essa conexão direta com as polícias. Quer mostrar que tem alguém do seu lado”. Renan Filho.

Renan Filho acredita que Bolsonaro manipula um grupo de pessoas que pode até vir a invadir o Congresso ou o STF, como aconteceu com o Capitólio nos Estados Unidos, mas não veê capacidade de articulação para uma ruptura no futuro.

“Todo mundo está pulando fora dessa loucura, como os empresários do agronegócio e os banqueiros da Febraban. Para mim, o objetivo de Bolsonaro é tentar mobilizar seus eleitores para mostrar que ainda tem uma agenda a defender”. Renan Filho.

A agenda, para Renan Filho, é confusa. Ele diz não haver projeto de Governo e que a agenda é desconhecida até no próprio Planalto. Para ele, Bolsonaro só pensa na reeleição e nem mesmo seu ministro símbolo, Paulo Guedes, mostra preparo.

“Todos os dias ele dá declarações gravíssimas, como essa recente sobre os altos custos da energia. Disse que não adiantava as pessoas ficarem sentadas chorando. Parece que o ministro está sofrendo uma pressão muito grande por ter que flexibilizar seus princípios liberais. Todo mundo está percebendo a voracidade da gastança do governo para projetos eleitoreiros e Paulo Guedes tenta fechar as cortinas para ninguém ver”. Renan Filho.

O governador Renan Filho aproveitou para lembrar que em Alagoas não houve colapso da rede pública de saúde e que adoeceu foi atendido. Que não faltaram insumos, não faltaram profissionais, nem leitos de UTI, apesar de ser extremamente investigado, por ser filho de Renan Calheiros, senador relator da CPI da Covid.

“A CPI tem feito um trabalho importante para investigar os motivos que levaram Bolsonaro a se negar a comprar vacinas e a oferecer remédios sem eficácia. Desde o início, ele não quis comprar a Coronavac. Chamava-a de “vachina”. Também não quis comprar a Pfizer. Quis adquirir outras vacinas, as mais caras, superfaturadas e sempre com a participação de intermediários suspeitos. Parece que ali havia interesses escusos. Sem falar que o presidente fez um enfrentamento negacionista da pandemia, no caminho contrário ao do mundo inteiro. O Brasil, hoje, é o segundo país com o maior número de mortes. O atraso na compra de vacinas, o estímulo para que as pessoas se aglomerassem nas ruas e o incentivo para que todos tomassem remédios que não funcionam para o combate ao coronavírus contribuíram para termos chegado até aqui, à marca criminosa de 600 mil mortes. Há responsabilidades claras do presidente nesse caos. Se o Brasil tivesse seguido a agenda que outros países seguiram, certamente o número de mortos seria muito menor”. Renan Filho.

A entrevista completa você pode conferir aqui.