20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Sigilo de 100 anos: Pazuello avisou Exército que iria a ato bolsonarista

As Forças Armadas proíbe em estatuto a participação de militares em ato político

Pazuello teve processo arquivado e colocado sobre sigilo de 100 anos pelo comando do Exército.

O Comando do Exército liberou no fim da tarde desta sexta-feira (24) o processo contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, acusado de participar de um evento político-partidário ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro, em 2021. Em depoimento, Pazuello informou que avisou o então comandante do Exército, Paulo Sergio Nogueira, de que iria ao evento.

O ato aconteceu em maio de 2021, no Aterro do Flamengo, Zona Sul do Rio. Na época, Bolsonaro criticou as ações de governadores contra a Covid-19 e passou o microfone para o ex-ministro da saúde, que reforçou as falas.

Após a repercussão do caso, a Justiça Militar abriu um processo disciplinar contra o general da ativa. As Forças Armadas proíbem a participação de membros em eventos partidários.

Na defesa, Pazuello ainda afirmou que foi chamado por Bolsonaro pela ‘camaradagem’ entre eles. O ex-ministro ainda minimizou a caráter político do evento ao dizer que Bolsonaro não era filiado a nenhum partido político na época.

“Relembro-vos que o informei por telefone no sábado que iria ao passeio no domingo, a convite do presidente. Os laços de respeito e camaradagem entre mim e o presidente da República, a meu ver, justificam o convite para o passeio”, afirmou Pazuello.

Cabe ressaltar que não tinha conhecimento prévio que haveria carro de som para os agradecimentos do Presidente da República. Tampouco tinha a intenção de me pronunciar no evento. Acrescento que fui surpreendido quando o Presidente me chamou para ficar ao seu lado na lateral do caminhão. Fiquei mais surpreso, ainda, quando o Presidente passou as minhas mãos o microfone para que me dirigisse ao público”, completou

Após pressão de Bolsonaro e da ala alinhada ao governo no Exército, Paulo Sérgio Nogueira acatou a defesa de Pazuello e arquivou o processo.