2 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Mundo

Steve Bannon é suspenso no Twitter e YouTube após pedir decapitação de Faucci e de diretor do FBI

Estrategista é um dos maiores gurus da direita e prestou consultoria ao deputado Eduardo Bolsonaro e apoiou a campanha de Jair Bolsonaro

O Twitter suspendeu o ex-estrategista-chefe da Casa Branca Steve Bannon, depois que ele clamou pela decapitar o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, Dr. Anthony Fauci, em um vídeo do YouTube, que também foi removido.

Ex-conselheiro de Donald Trump na Casa Branca e um dos maiores gurus da direita atual, tendo prestado consultoria informal ao deputado federal Eduardo Bolsonaro e apoiado a campanha presidencial de Jair Bolsonaro em 2018, Bannon pediu que Fauci e o diretor do FBI Chris Wray fossem executados caso Trump fosse reeleito.

Leia mais: O jantar de Bolsonaro com Olavo de Carvalho e Steve Bannon nos EUA

Em seu podcast War Room: Pandemic, o ex-presidente executivo da Breitbart disse que “gostaria de dar um passo adiante”, mas disse que “o presidente é um homem de bom coração”:

“Eu gostaria de voltar aos velhos tempos da Inglaterra Tudor. Eu colocaria as cabeças em estacas, certo? Eu as colocaria nos dois cantos da Casa Branca como um aviso para os burocratas federais: ou você segue o programa ou vai embora. É hora de parar de brincar”. Steve Bannon.

Bannon também pediu que o CEO do Twitter, Jack Dorsey, fosse preso em um episódio de War Room: Pandemic, porque colocou avisos sobre vários tweets de Trump e os rotulou como “contestados e enganosos” sobre a eleição.

“Eu sabia que esse momento chegaria. Quando algum babaca como Jack Dorsey iria derrubar e suprimir a liberdade de expressão do comandante-chefe”. Steve Bannon.

Após este absurdo, o ex-diretor de redação de discursos do presidente Barack Obama e o cofundador da Crooked Media, Jon Favreau, pediu aos repórteres que parassem de entrevistar Bannon “como se ele fosse uma figura pública legítima”.

Bannon está atualmente aguardando julgamento, (marcado para maio de 2021) depois de ser preso e acusado de conspiração para cometer fraude postal e lavagem de dinheiro em agosto. Ele desviou doações feitas por aliados, que deveriam ser usadas na construção do muro entre os Estados Unidos e México. Muro, claro, que nunca foi construído e Trump havia dito que os mexicanos fariam o pagamento.

Fake News e Eduardo Bolsonaro

Steve Bannon comandava o site conservador Breitbart, cujo conteúdo dissemina informações duvidosas ou até mesmo falsas, e no segundo semestre de 2016 foi escolhido para liderar a reta final da campanha presidencial de Donald Trump, também acusada de promover fake news. Vencida a eleição, ele passou a ocupar um cargo importante de estratégia na Casa Branca, mas lá ficou por menos de um ano.

Bannon é considerado um dos ‘gurus’ da direita no mundo. Ao longo dos últimos anos, ele fortaleceu laços com a extrema-direita europeia, como o italiano Matteo Salvini e a francesa Marine Le Pen, e se aproximou da família Bolsonaro.

Em outubro de 2018, Bannon declarou publicamente seu apoio a Jair Bolsonaro na campanha presidencial. “O capitão Bolsonaro é um brasileiro patriota e, acredito, um grande líder para seu país nesse momento histórico”, disse ele à época, em mensagem enviada à agência Reuters. À BBC, afirmou que o então candidato era “brilhante”.

A relação com a família Bolsonaro já havia começado antes, porém. Em agosto daquele ano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro esteve nos Estados Unidos e se reuniu com Bannon. “Conversamos e concluímos ter a mesma visão de mundo”, escreveu Eduardo na ocasião, postando uma foto com o americano.

Bannon é um guru do bolsonarismo muito mais importante do que o escritor de extrema direita Olavo de Carvalho, uma figura algo escatológica que tem perdido peso nos rumos do governo brasileiro. A campanha de 2018 que alçou Bolsonaro ao poder foi inspirada na estratégia elaborada para eleger Trump dois anos antes.