14 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

O jantar de Bolsonaro com Olavo de Carvalho e Steve Bannon nos EUA

Dependência da China foi um dos assuntos, assim como a importância de acordos nas áreas militar e tecnológica e participação do Brasil na segunda guerra mundial

Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, e o escritor Olavo de Carvalho se sentaram ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em jantar com a direita conservadora dos Estados Unidos, em ceia na residência do embaixador do Brasil em Washington, Sergio Amaral.

Este foi o primeiro compromisso oficial do presidente desde que chegou à tarde aos EUA com a comitiva de ministros e assessores e impressionou Steve Bannon, que classificou a reunião como ótimo ponto de partida para a turnê na capital e a visita oficial ao presidente norte-americano.

Ao falar de Olavo de Carvalho, Banon assegurou que ele amenizou o tom de suas críticas em relação às proferidas ontem à noite em sessão de filme sobre sua vida e seu pensamento.

Na ocasião, o filósofo guru de Bolsonaro teceu duras críticas ao vice-presidente, chamando o general Hamilton Mourão de traidor, disse que os jornalistas brasileiros são drogados e confirmou que o atual presidente tem ideias incoerentes – e que seu governo não duraria seis meses se continuasse assim.

Bolsonaro

Em discurso, o presidente teria ainda ressaltado a importância de acordos nas áreas militar e tecnológica e lembrado que o Brasil lutou ao lado dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial na Itália.

Segundo o porta-voz da Presidência da República, Otávio Santana do Rêgo Barros, Jair Bolsonaro afirmou que a democracia e a liberdade são valores que unem o país ao Brasil e que o “antigo comunismo” não pode mais imperar. O porta-voz disse que o presidente discursou, “levantou ideias” e, depois, conversou com os convidados.

“As ideias do presidente são de fortalecer nosso comércio reconhecendo que os Estados Unidos são o segundo mercado para os produtos brasileiros; que a diplomacia de fortalecer a democracia neste lado do Ocidente é extremamente importante; reconhecendo que aspectos relativos ao antigo comunismo não podem mais imperar nesse nosso ambiente que vivenciamos”. Rêgo Barros, porta-voz presidencial.

China

A ameaça estratégica representada pela China e a necessidade de reduzir a codependência com o gigante asiático foi um dos principais assuntos do jantar para o presidente Jair Bolsonaro na residência do embaixador do Brasil em Washington.

Apesar disso, Steve Bannon, discorreu sobre a necessidade de reduzir a “co-dependência” da China e como administrar a relação com Pequim de modo a proteger os interesses nacionais brasileiros.

O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, e o ideólógo do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, são dois dos maiores defensores de uma redução de exposição à China. Já a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, está em sintonia com as queixas dos produtores agrícolas e organiza uma missão para a China para aumentar o número de estabelecimentos que podem exportar carne bovina, suína e frango para os chineses.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, ouviu atento às observações de Bannon e teria concordado em parte. Bannon teria dito que os chineses veem o Brasil da mesma forma que enxergam a Austrália e que o país está se tornando muito vulnerável à Pequim.

Presenças

No Twitter, Eduardo Bolsonaro chamou o encontro de “sensacional encontro” e “grande noite”.

Quem esteve no jantar:

  • sete ministros de Estado que integram a comitiva;
  • Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do presidente;
  • Filipe Martins, assessor especial da área internacional da Presidência;
  • Sergio Amaral, embaixador do Brasil em Washington;
  • Olavo de Carvalho, escritor;
  • Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump;
  • Gerald Brant, articulador de Bolsonaro à época da campanha;
  • David Shedd, pesquisador visitante da Fundação Heritage;
  • Chris Buskirk, editor do site American Greatness;
  • Mary Anastasia O’Grady, colunista do Wall Street Journal;
  • Walter Russell Mead, colunista do Wall Street Journal;
  • Matt Schlapp, presidente da União Conservadora Americana;
  • Roger Kimball, editor da revista New Criterion.