7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Universidades federais não sabem se funcionarão no 2º semestre

Fertilização in vitro e impactos de desastres ambientais tiveram estudos paralisados

Decisões do ministro Weintraub no MEC, no governo Bolsonaro, afetam negativamente as faculdades federais.

Atraso de fornecedores, fim de atividades de extensão e redução de benefícios aos estudantes. O corte bilionário nas universidades federais feito pelo governo Bolsonaro agravou a crise na universidades e institutos federais.

Os bloqueios atingiram até agora, em média, 30% das verbas discricionárias das federais (e não 3,5% barras de chocolate), que incluem manutenção e investimentos, sem contar salários, mas ainda podem ser maiores.

As Universidades Públicas são responsáveis por mais de 90% das pesquisas científicas no Brasil, mas o corte de 30% dos recursos da Universidade ameaça o seu funcionamento e compromete o próprio desenvolvimento social e econômico.

O investimento em educação no Brasil caiu 56% nos últimos quatro anos. Entre 2014 e 2018, diminuiu de R$ 11,3 bilhões para R$ 4,9 bilhões. A projeção da Lei Orçamentária deste ano é que o valor seja ainda menor e fique em R$ 4,2 bilhões, especialmente depois que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou corte em 30% os recursos de todas as universidades federais do país.

Na semana passada o governo definiu um novo bloqueio de R$ 1,6 bilhão e a divisão por área ou órgão ainda está sendo analisada. Ao todo, as restrições no orçamento devem atingir cerca de 1,3 milhão de alunos do ensino superior.

Uma das primeiras afetadas pela medida do ministro da Educação, Abraham Weintraub, a Universidade Federal da Bahia terá R$ 43 milhões a menos para custear serviços como água, energia e segurança e já tem fornecedores com pagamentos em atraso. Funcionários de uma das empresas que prestam serviço de vigilância dos campi paralisaram as atividades por não terem recebido os salários.

Pelo menos quatro universidades federais (Rio de Janeiro, de Pernambuco, de Santa Catarina e da Bahia) estimam que, sem novos aportes, só terão condições de funcionar plenamente até, no máximo, agosto deste ano.

Cortes na Ufal representam 36,6% do orçamento de custeio e capital

Ufal

Na Universidade Federal de Alagoas, estudantes, professores e trabalhadores se reuniram, nesta quinta-feira (9) e decidiram em assembleia uma paralisação nacional, como forma de protesto contra os cortes no orçamento das unidades públicas feito pelo Governo Federal. A paralisação nacional foi convocada para o próximo dia 15 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

A Universidade Federal de Alagoas informa que o Governo Federal efetuou o bloqueio orçamentário de R$ 39,5 milhões dos recursos de custeio e capital.

Foram efetivados bloqueios nas ações orçamentárias de funcionamento da Universidade, capacitação de servidores, recursos consignados ao Hospital veterinário da UFAL e funcionamento da Escola Técnica de Artes. Foram também bloqueadas as emendas parlamentares consignadas à UFAL pela bancada alagoana. Apenas as ações de assistência estudantil não foram afetadas pelo corte.

Esse valor representa 36,6% do orçamento de custeio e capital da UFAL que são os recursos utilizados para pagamento das despesas contratuais, água, energia elétrica, bolsas, aquisições de livros carteiras escolares, equipamentos de laboratório, etc. Foram bloqueados 30% do orçamento de custeio e 80,3% do orçamento de capital.

Se excluirmos da análise as ações de assistência estudantil, cujas despesas são restritas à assistência dos alunos em vulnerabilidade social (custeio dos alimentos do Restaurante Universitário, pagamento de bolsas), o corte representa 46,9% do orçamento da UFAL.