Em mais uma live no Facebook, desta vez ao lado do ministro da Educação, Abraham Weintraub, o presidente Jair Bolsonaro tratou brasileiros como eleitores durante campanha e protagonizou uma analogia vergonhosa e mentirosa. Duvidando da inteligência de quem os acompanhava (o que é fácil, diante dos cortes imensos na educação), distorceram a realidade mais uma vez.
Weintraub usou chocolates para explicar o “contingenciamento” de 35% dos recursos destinados a universidades federais. Mas ele errou a conta feio. Usando 100 barras de chocolate, ele tentou mostrar como iria “segurar” até setembro três barras e meia. Ou seja, apenas 3,5% do total.
“A gente tá pedindo, simplesmente, que três chocolatinhos e meio, desses cem chocolates… A gente não tá falando pra pessoa que a gente vai cortar, não tá cortado, deixa pra comer depois de setembro, é só isso que a gente tá pedindo, isso é segurar um pouco”. Abraham Weintraub, ministro do MEC.
Curioso é que durante a explicação o presidente comeu o chocolate. Não dá pra ser mais surreal: o ministro da Educação mentiu sobre os cortes que afetam as faculdades, disse que isso seria apenas até setembro e que tudo voltaria como antes, enquanto o presidente roubava o doce de criança e comia, sorrindo, na frente dela.
Após a participação desastrosa, o MEC enviou nota tentando corrigir as besteiras:
- A pasta falou em congelamento de 30% da verba das universidades. Esse valor se refere ao orçamento que pode ser congelado ou cortado – verbas chamadas “não discricionárias”, usadas, por exemplo, para gastos com água e luz. Essas despesas são 13,8% do orçamento total das universidades – e é 30% desse valor que está bloqueado.
- Gastos com pagamento de salários de funcionários são “obrigatórios” e não há margem de bloqueio sobre eles. Não são alterados.
- O valor bloqueado, portanto, equivale a 3,4% do orçamento total das universidades neste ano – que totaliza R$ 49,6 bilhões.
Entretanto, só na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), o Governo Federal efetuou o bloqueio orçamentário de R$ 39,5 milhões dos recursos de custeio e capital.
Esse valor representa 36,6% do orçamento de custeio e capital da UFAL que são os recursos utilizados para pagamento das despesas contratuais, água, energia elétrica, bolsas, aquisições de livros carteiras escolares, equipamentos de laboratório, etc. Foram bloqueados 30% do orçamento de custeio e 80,3% do orçamento de capital.
Foram efetivados bloqueios nas ações orçamentárias de funcionamento da Universidade, capacitação de servidores, recursos consignados ao Hospital veterinário da UFAL e funcionamento da Escola Técnica de Artes. Foram também bloqueadas as emendas parlamentares consignadas à UFAL pela bancada alagoana. Apenas as ações de assistência estudantil não foram afetadas pelo corte.
Cortes
Não é o primeiro erro homérico do ministro com números e contas. O economista que teve o histórico de sua faculdade vazado, revelando notas zero em notas como Introdução a Economia, Introdução à Sociologia, e Contabilidade, já confundiu R$ 500 mil com meio bilhão de reais ao informar o custo da avaliação do nível de alfabetização.
O Economista que não sabe fazer contas nem mesmo usando doce, está à frente dos cortes de R$ 7,4 bilhões nas universidades federais, que já começam a ser sentidos nos institutos e cursos de mestrado e doutorado. Cortes que Onyx justificou com dados falsos.
Faculdades como a UFAL já fazem as contas para avaliar como seguirem abertas, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) vai congelar neste semestre bolsas.
O investimento em educação no Brasil caiu 56% nos últimos quatro anos. Entre 2014 e 2018, diminuiu de R$ 11,3 bilhões para R$ 4,9 bilhões. A projeção da Lei Orçamentária deste ano é que o valor seja ainda menor e fique em R$ 4,2 bilhões.
Weintraub, disse que a política de cortar a verba dedicada às universidades federais está em linha com o plano de governo que elegeu Jair Bolsonaro e questionou os contribuintes se eles preferem que o dinheiro dos impostos seja gasto em alunos de graduação ou de creches.
Em um vídeo de pouco mais de um minuto, o ministro compara o custo de um aluno de graduação (R$ 30 mil anuais, segundo ele) com o de uma vaga em creche (R$ 3 mil, segundo ele).
Weintraub não explica no vídeo de onde vêm os dados que citou, nem a que tipo de instituições se referem, mas foi bem claro quando atacou o que via como balbúrdia em determinadas universidades federais.
Nosso plano de governo prevê a educação básica como prioridade e é isto que vamos seguir. Mais creches e mais crianças alfabetizadas. pic.twitter.com/Ze5mi3EyND
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) 30 de abril de 2019
Vale lembrar que ali ele também mentiu e o dinheiro não será destinado para ensino básico coisa nenhuma. Comeram mesmo o doce das crianças.