20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Vídeos: Garimpeiros pedem comida e socorro para saírem de Terra Yanomami

Já neste domingo chegou a 570 o número de crianças yanomami mortas de fome

Garimpeiros e mulheres, que foram para o garimpo cozinhar ou se prostituir, estão pedindo socorro às autoridades para saírem de Terra Indígena Yanomami. A região está com bloqueio aéreo e passa por expectativa de uma grande operação.

Os pedidos de ajuda estão sendo postados em redes sociais. Neles, garimpeiros relatam caminhadas de 30 dias pela floresta com barcos lotados para deixar a área indígena e chegar a alguma região urbana.

Eles afirmam que muitos doentes e mulheres continuam no garimpo sem ter como sair.

Garimpeiros também afirmam estar sem comida e pedem ao Exército e à polícia para serem resgatados da Terra Yanomami.

Antes abastecido por aeronaves, o local passa por bloqueio aéreo e a alimentação não chega mais até as áreas de garimpo onde estão instalados.

Outro grupo de garimpeiros, desta vez de mulheres, divulgou um vídeo em que uma delas pede que acionem o “recursos humanos”, pois estão sem mantimentos.

Da sede da área indígena, chamada de Surucucu até Boa Vista, capital de Roraima, são ao menos 280 km —o que dá cerca de 1h30 de voo, ou mais de 8 dias caminhando.

A região é de mata fechada e montanhosa, o que pode agravar o trajeto de fuga dos garimpeiros. Já de barco, eles devem enfrentar um percurso de, pelo menos, sete dias pelo rio Uraricoera, um dos rios contaminados por mercúrio na região.

Yanomami morre de fome

Uma criança de apenas um ano e cinco meses de idade morreu, neste domingo (5), na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, vítima de desnutrição grave e desidratação.

A informação foi repassada por Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’Kuana (Codisi-YY), uma das principais lideranças da região de Surucucu, no extremo Oeste do estado e próxima à fronteira com a Venezuela.  

De acordo com o relato, a criança estava em estado grave desde sábado (4) e as equipes de saúde pediram sua remoção imediata para Boa Vista, mas o mau tempo impediu a decolagem.

Ela era da região Haxiu, que fica a cerca de 15 minutos de helicóptero do polo base de Surucucu, onde há um aeródromo e um pelotão de fronteira do Exército Brasileiro.

Afetados pela presença do garimpo ilegal em suas terras, os indígenas yanomami têm sofrido com casos de desnutrição e doenças como malária e pneumonia. Nos últimos quatro anos, foram registradas 570 mortes de crianças no território.

Reprodução: TV Globo