Seu Zeca Lopes, o Lopinho, era uma espécie de ‘coronel’ sem farda e sem arma no bairro do Prado. Na esquina da Primeiro de Maio com a Agnelo Barbosa costumava se reunir com a vizinhança para jogar conversa fora e jogar de verdade.
Havia sempre uma turma com dominó, gamão e outras modalidades. Mas seu Zeca entrava sempre nas partidas de gamão. Era um craque.
Moleque de calças curtas, Considerado vivia rondando a área para tentar entender alguma coisa dos jogos. Só aprendeu a jogar “porrinha”. Aí o menino é ladrão até hoje.
Mas, nessa época o Considerado sentava à calçada também por que gostava de ficar vendo as bonitas filhas de seu ‘ Lopinho’, em fins de tarde, quando chegavam da faculdade.
O homem fez tantos filhos que quando estavam todos reunidos enchia um ônibus e ainda ficava gente em pé.
Certo dia em uma reunião de filhos, genros e noras, em volta de uma grande mesa, todos se fartando com a fritada de siri preparada com o tempero inigualável de Dona Zizi, seu Zeca percebe que um dos genros estava meio cabisbaixo. O jovem já era um médico conceituado.
O dono da casa anda para um lado, vai para o outro, e fica a observar o genro tentando entender algo, mas sem querer se meter.
De repente aparece ao lado dele o Considerado. O sujeito era abelhudo desde criança. Sem meias palavras, provocou:
– Seu Zeca, viu como o doutor está triste?
– Que história é essa menino?
– O senhor não está vendo, ele nem sequer tocou na comida.
– Sei disso não. Vá lá comer também que eu sei que você está com fome.
Claro que essa era a deixa que o menino esperava para chegar junto à mesa. Mas o velho ficou meio encucado e passou a observar mais.
Um monte de genros na algazarra, contadores de piadas e o doutor, que era um gozador emérito, estava lá quietinho parecendo uma flor em estado de tristeza. O homem resolveu tirar a história a limpo. Aproximou-se e perguntou ao mais barulhento:
– Tudo em ordem por aqui Macedo?
– Tudo bem seu Zeca, a não ser nosso amigo aí que parece está triste.
– E o que foi que houve?
– Brigou com sua filha e está pensando em deixá-la.
– É só isso?
– É seu Zeca.
– Meu filho, saiba que mulher não se deixa. Se arruma mais!
A filha, brava, protestou:
– Que é isso papai, que coisa feia!
– E ele tocou fogo: – Olhe, não existe mulher braba; o que existe é homem frouxo!
Assim, o doutor levanta a cabeça e se entrega:
– E eu sou o primeiro seu Zeca!