19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

A disparada dos preços nos supermercados: tudo está pela hora da morte

Em supermercado de Maceió, óleo de milho está custando o preço do azeite e o próprio azeite a peso de ouro.

Carne e azeite a preço de ouro. Quem é que pode?

Servidora aposentada da educação em Alagoas, dona Joana Vieira Lima se assustou na manhã desta sexta-feira, 8, quando foi ao supermercado na Ponta Verde, em Maceió, para “umas comprinhas”.

-Meu Deus do céu…Tudo está pela hora da morte. – Reagiu ela olhando os preços da cenoura, do tomate e da carne bovina.

O lamento mais sentido: o preço do quilo do coxão mole estava próximo de R$ 60,00.

A ela juntaram-se outras donas de casas com o mesmo sentimento de tristeza e revolta. E o pior: com a certeza de que sairiam do lugar com “as comprinhas” ainda mais reduzidas, por que o dinheiro disponível não cobria tudo.

Além disso, relataram duas outras situações comuns nos tempos de hoje à maioria dos consumidores brasileiros, notadamente assalariados. A primeira é o cartão de crédito estourado; a segunda é o triste sentimento de não saber o que fazer.

Para dona Joana, cenário nessa ordem na vida das pessoas só gera doenças. “Eu conheço algumas amigas minhas que estão em depressão por tudo isso. Chega o fim do mês devendo tudo e sem dinheiro para as comprinhas básicas”. Registrou.

Ela saiu do supermercado sem a carne bovina. Levou na sacola uma porção de asinha de frango para preparar o almoço dos netos, filhos de uma mãe atendente de um consultório odontológico e um pai desempregado.

Tende a piorar

A inflação do mês de março é a mais alta desdes 1994. O índice acumula alta de 3,42% no ano e 11,73% nos últimos 12 meses. O INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor – teve alta de 1,71% no mês que passou.

A inflação no País foi puxada pelos transportes e alimentos. Daí o reflexo abusivo nas prateleiras dos supermercados, como constataram dona Joana e outras donas de casas, em Maceió. A tendência é de alta, de acordo com os analistas da economia.

Assustadas e, praticamente, sem noção, elas perceberam que o óleo de milho está custando o preço do azeite importado. E o azeite só para quem tem botija escondida.

Ou, talvez, para quem receba em ouro.