12 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Aécio recebia mesada da JBS

Empresa de Joesley Batista teria pago propina de R$ 128 milhões ao grupo do senador entre 2014 a 2017

Uma suposta propina de R$ 128 milhões, paga pela JBS, teria beneficiado o grupo do senador Aécio Neves entre 2014 a 2017. O tucano é o principal alvo da operação Ross, que cumpre nesta terça (11) mandados de busca e apreensão em imóveis ligados ao senador, à irmã dele, Andréa Neves, ao deputado Paulinho da Força (SD-SP) e empresas que teriam emitido notas frias.

O apoio político para Aécio na eleição presidencial de 2014, envolvendo partidos como o Solidariedade, o DEM e o PTB, foi comprado com uma mesada de R$ 50 mil mensais paga ao tucano pela JBS por meio da rádio Arco Íris, de propriedade da família dele.

A mesada foi noticiada em delação em abril deste ano. À época, ele chegou a dizer que é vítima de uma grande armadilha política feita por pessoas que não queriam a ascensão de Minas ao Governo Federal.

Além disso, houve a aquisição superfaturada de um imóvel do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte, por R$ 17 milhões, supostamente a pedido do senador.

Em troca da propina, segundo as investigações, Aécio interveio junto ao governo de Minas para viabilizar a restituição de créditos de ICMS de empresas do grupo J&F, que controla a JBS. O relator do inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) é o ministro Marco Aurélio, que determinou o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na última terça (4).

O defensor de Aécio, Alberto Toron, afirmou em nota que o tucano “sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se fizessem necessários às investigações, bastando para isso o contato com seus advogados”.

“O inquérito policial baseia-se nas delações de executivos da JBS que tentam transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na Justiça Eleitoral, em algo ilícito para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração. A correta e isenta investigação vai apontar a verdade e a legalidade das doações feitas”

Ação da PF

Na manhã desta terça-feira, 11, a PF (Polícia Federal) cumpriu mandado de busca e apreensão no apartamento de Aécio Neves (PSDB), no bairro de Ipanema, no Rio, e também da irmã do senador, Andréa Neves, em Minas Gerais. Frederico Pacheco, primo dos Neves, também recebeu ordens judiciais.

Os outros alvos são Cristiane Brasil (PTB) e Paulinho da Força, presidente nacional do partido Solidariedade.

A operação é baseada nas delações da JBS e apura crimes de corrupção. A polícia está a procura de documentos relacionados aos depoimentos de Joesley Batista e Ricardo Saud, do grupo J&F. Eles delataram repasses de propina de quase R$ 110 milhões a Aécio.

A PF afirma que Aécio Neves comprou apoio de Paulinho da Força por R$ 15 milhões, além de receber ajuda de empresários com doações de campanha e caixa 2 (através de notas frias). O ministro do STF Marco Aurélio Mello é relator das investigações contra o congressista.

Ao todo, são 24 mandados de busca e apreensão sendo cumpridos em Rio, RN, MG, BA e DF.