20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Amigo de Bolsonaro movimentou R$ 1,2 milhões de forma suspeita

Chamou a atenção um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama Michele Bolsonaro

Quando um assessor ou correligionário do ex-presidente Lula era encontrado com traços de corrupção, ele era tratado como “amigo de Lula”. Da mesma forma, se estes envolviam o filho do mandatário do PT, o termo usado era “Lulinha”. A esposa de Jair também poderia ser tratada como “Dona Michele”?

Diante disto, fica a pergunta: se o presidente eleito nem assumiu e já surgiram tantas controvérsias, quando no mandato dele será comum usarmos os “amigos de Bolsonaro” para os suspeitos ao seu redor ou “Bolsonarinhos” para os seus filhos?

Pois bem, nesta semana ficou muito perto: o ex-motorista do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) (Bolsonarinho… ou pode ser Flavinho) fez 176 saques de dinheiro em espécie de sua conta em 2016. É uma retirada a cada dois dias naquele ano.

E o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) achou estranha essa movimentação financeira, considera atípica, de R$ 1,2 milhão do policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz. Esse valor inclui tanto saques como transferências, créditos em suas contas, entre outras operações.

No dia 10 de agosto de 2016, por exemplo, Queiroz fez cinco retiradas que, somadas, dão R$ 18.450. Todos os saques foram em valores abaixo de R$ 10 mil, a partir do qual o Coaf alerta automaticamente as autoridades fiscais.

E além dos vários saques de valores baixos, chamou a atenção um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama Michele Bolsonaro – e é exatamente aqui que entra a “Dona Michele”. A filha do ex-motorista também era servidora da família, alocada no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro.

Bolsonaro

Flávio Bolsonaro afirmou à imprensa na tarde que o ex-motorista “relatou uma história bastante plausível”, e que não haveria nenhuma ilegalidade nas transações. Afirmou ainda que o funcionário está à disposição para prestar esclarecimentos ao Ministério Público.

E isso foi uma grande contradição do que fora dito por seu pai. Jair Bolsonaro afirmou que o motorista recebera um empréstimo de R$ 40 mil e como não tinha tempo para ir no banco, pediu que o pagamento fosse feito na conta de sua esposa.

“Emprestei dinheiro para ele em outras oportunidades. Nessa última agora, ele estava com um problema financeiro e uma dívida que ele tinha comigo se acumulou. Não foram R$ 24 mil, foram R$ 40 mil. Se o Coaf quiser retroagir um pouquinho mais, vai achar os R$ 40 mil”

Bastante ativo no Twitter, comentando sobre assuntos polêmicos como quem joga gasolina na fogueira, curiosamente, ele teve que repousar. Sua agenda de sexta-feira fora cancelada e nada comentou sobre a movimentação do assessor e de Dona Michele.

Onyx

Na linha de frente, ficou Onyx. Em entrevista coletiva, não teve como escapar das perguntas sobre a movimentação financeira. Surtou: falou como se tivesse no Whatsapp e lembrou de Lula e Haddad. O ex-presidente está presto e o outro já perdeu a eleição e, claro, a divergência não adiantou.

Uma coisa é enrolar apoiadores em mensagens de texto. Outra coisa é usar de textão com jornalistas. E não deu muito certo. Depois de perguntar quando um dos questionadores na coletiva ganhava, perdeu as estribeiras. Não soube dizer de onde veio este mais de milhão do amigo de Bolsonaro.

Mas ainda bem que ele já pediu perdão, não é mesmo, Sérgio Moro?

“Se tem um cara tranquilo, sou eu. Primeiro, já me resolvi com Deus, o que é importante para mim. Segundo porque, agora com a investigação autônoma, que não é nem inquérito, vou poder esclarecer definitivamente”