3 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro recua de acordo e Congresso pede que ele retire veto do Orçamento

Dividir o orçamento nunca foi do interesse e os protestos do dia 15 ganham ainda mais força em seu eleitorado

O presidente Jair Bolsonaro vem travando uma queda de braço com o Congresso por causa dos recursos Orçamento federal. De olho no poder dos R$ 30 bilhões, o presidente vetou os artigos do Orçamento com o PLN 4, que permitiam ao parlamento o controle sobre R$ 30 bilhões.

O Congresso ameaçou derrubar o veto. Bolsonaro então fez um acordo para enviar o PLN 4 e, em troca da manutenção de seu veto, liberar os R$ 19 bi para os parlamentares, ficando com os outros R$ 11 bilhões. Após longas reuniões com presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, Senado, David Alcolumbre, e lideranças no Congresso.

Tudo parecia sob controle, mas Bolsonaro, como um agente do caos, voltou atrás. E partiu para o ataque.

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Apesar de cumprir o acordo, o presidente passou a pressionar deputados e senadores a rejeitarem a proposta que ele próprio enviou. Chegou a dizer que isso enfraqueceria as manifestações marcadas para o dia 15, que criticam o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal).

Descontentes com os rumos da situação, deputados e senadores decidiram em uma carta aberta para que o próprio presidente retire a proposta do parlamento. E como a audácia da família do presidente não tem fim, o texto teve o apoio de Eduardo Bolsonaro.

O deputado Eduardo Bolsonaro assinou uma carta aberta ao próprio pai, Jair Bolsonaro, pedindo que ele retire do Congresso o PLN 4, projeto de lei que permite que os parlamentares controlem até R$ 19 bilhões do Orçamento federal.

“Estamos mandando uma carta para ele pedindo que ele, à luz do que disse, retire o PLN4. O regimento comum do Congresso Nacional dá esse poder a ele. O presidente faz um acordo com o Congresso e manda um projeto de lei. Depois, pede que os parlamentares rejeitem essa mesma proposta, que faz a partilha do Orçamento com o Congresso. Ora, se ele quer de fato a rejeição, basta pedir o projeto de volta. Para isso estamos mandando essa carta para ele”. Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP).

Querendo minar ou não a validade do texto, Bolsonaro já mandaram o recado: dividir o orçamento nunca foi do interesse e o que vale seria o controle total. E os protestos do dia 15 ganham ainda mais força em seu eleitorado.